sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A Lenda do Negrinho do Pastoreio

O Negrinho do Pastoreio é uma lenda do folclore brasileiro surgida no Rio Grande do Sul. De origem africana, esta lenda surgiu no século XIX, período em que ainda havia escravidão no Brasil. Esta lenda retrata muito bem a violência e injustiça impostas aos escravos. 
De acordo com a lenda, no tempo em que as fazendas e estâncias tinham escravos, que fizeram as taipas de pedra que a gente ainda vê no campo, havia um estancieiro muito, mas muito mau. Ele só dava valor para a sua prataria e para a sua tropilha de cavalos. E tinha um chamego especial por um baio, que era seu animal de confiança para as carreiras. 
Havia um menino negro escravo, de quatorze anos, que possuía a tarefa de cuidar do pasto e dos cavalos do rico estancieiro.O guri era obrigado a fazer todas as vontades do patrão.
Porém, num determinado dia, o menino voltou do trabalho e foi acusado pelo patrão de ter perdido um dos cavalos. O estancieiro mandou açoitar o menino, que teve que voltar ao pasto para recuperar o cavalo. Após horas procurando, não conseguiu encontrar o tal cavalo. Ao retornar á estância foi novamente castigado com chicotadas pelo estancieiro. Desta vez, o patrão, para aumentar o castigo. colocou o menino pelado dentro de um formigueiro. No dia seguinte, o patrão foi ver a situação do menino escravo e ficou surpreso. O garoto estava livre, sem nenhum ferimento e ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, o cavalo baio que havia sumido e mais adiante os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha. A partir disso, entre os andarilhos, tropeiros, mascates e carreteiros da região, todos davam a notícia, de ter visto passar, como levada em pastoreio, uma tropilha de tordilhos, tocada por um Negrinho, montado em um cavalo baio. Desde então, quando qualquer cristão perdia uma coisa, fosse qualquer coisa, pela noite o Negrinho procurava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar de sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o livrou do cativeiro e deu-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver.
Conta a lenda que foi um milagre que salvou o menino, que foi transformado num anjo. 
Quem perder coisas no campo, deve acender uma vela junto de algum mourão ou sob os ramos das árvores, para o Negrinho do pastoreio e vá lhe dizendo: "Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi... Foi por aí que eu perdi...". Se ele não achar, ninguém mais acha.
O Negrinho do Pastoreio é considerado, por aqueles que acreditam na lenda, como o protetor das pessoas que perdem algo. Em retribuição, a pessoa deve acender uma vela ao menino ou comprar uma planta ou flor.

Uma lenda gaúcha retratando a escravidão no Rio Grande do Sul.

Uma lenda gaúcha - O negrinho do Pastoreio

O negrinho do Pastoreio

Nenhum comentário:

Postar um comentário