domingo, 29 de janeiro de 2017

A lenda da Lagoa da Corneta

Por: Diones Franchi

Tudo começa em 17 de março de 1836, próximo de onde surgiria o município de Rosário do Sul. À frente de 800 farrapos, o coronel José de Almeida Corte Real foi envolvido e desbaratado pelo astuto Bento Manoel Ribeiro. Corte Real deveria ter esperado o reforço de Bento Gonçalves, que estava perto, mas aceitou bater-se acreditando numa vantagem de que não dispunha.
A falta de cautela dos farroupilhas foi desastrosa: o imperial Bento Manoel contou 200 prisioneiros, entre eles Corte Real, e dezenas de mortos, incluindo o soldado corneteiro do clarim. Parte deles afogou-se na lagoa durante a fuga, ignorando que não dava pé, embora aparentasse, e segue parecendo ser rasa.
O episódio alterou a vida na região, com desdobramentos que ainda perduram. Situada entre a Vila Carmelo e o Rio Santa Maria, a então Lagoa Funda foi rebatizada de Lagoa da Corneta, em homenagem ao clarim farroupilha. E suas águas plácidas passaram a emitir ecos que continuam surpreendendo até os dias de hoje.


A batalha da Lagoa da Corneta


No dia 17 de marco de 1836, as tropas de Bento Manoel, que estava bandiado para o lado imperial naquele momento, travaram uma batalha contras as tropas farroupilhas do comandante Corte Real que comandava uma coluna de 800 homens. Esta batalha aconteceu em Rosário do Sul, onde Corte Real acampou sua tropa na margem esquerda do rio, pois ele estava em perseguição a tropa de Bento Manoel. O que Corte Real não esperava é que Bento Manoel que estava sendo perseguido, receberia reforços com as forças legalistas de Antonio Medeiros Costa e Joca Tavares e do experiente coronel Manoel Luis da Silva Borges. Essa força parte do Passo do Dom Pedrito e desce costeando o Rio Santa Maria, de caçado Bento Manoel passa a ser caçador, pois estão em seu comando mais de 800 homens. Corte Real recebe a noticia em seu acampamento, que o inimigo marcha em sua direção. Corte Real então transpõe sua tropa para outro lado do rio, escolhe o terreno e espera o inimigo. Alguns companheiros lhe aconselham a esperar reforços dos generais Bento Gonçalves e de João Manoel de Lima e Silva, que estavam no Curral de Pedras. O jovem Corte Real não quis esperar, e não temia o inimigo. Bento Manoel e Silva Tavares ordenam o ataque, sendo que a cavalaria estava a comando de Silva Borges e de seus filhos José Luis e Manoel Luis Osório, futuro patrono da cavalaria. Bento Manoel dando ordens foi conduzindo o ataque contra a tropa de Corte Real, sendo que o ataque foi acirrado, mas as forças farrapas não conseguiram resistir ao exército imperial. A desordem se generalizou e muitas baixas tombaram a beira da Lagoa da Corneta. Um grupo de farrapos no desespero tentou atravessar a lagoa, sem conhecer sua profundidade. Entre os vários que morreram afogados, estava o corneteiro da tropa farroupilha. Abandonado por alguns de seus companheiros, Corte Real se viu cercado por um grupo de legalistas, a mando do tenente José Luis Osório, que gritou "Renda-se patrício, entregue-me a espada que lhe garanto a vida", e Corte Real rendeu-se. Bento Manoel contou 200 prisioneiros e mortos atingiram o número de 150.
Um monumento foi erguido em homenagem aos 150 mortos no dia 17 de março de 1836, entre eles o do bravo corneteiro que morreu afogado na Lagoa, também chamada de Lagoa Funda.

 Lagoa da Corneta - Rosário do Sul - RS

Monumento Farroupilha na Lagoa da Corneta