sábado, 17 de dezembro de 2022

General Osório – De soldado a patrono

Manuel Luís Osório, conhecido também como Marquês do Herval nasceu em 10 de maio de 1808, na localidade de Vila de Nossa Senhora da Conceição do Arroio, hoje município que leva seu nome, Osório no Rio Grande do Sul.Participou dos principais eventos militares do final do século XIX sendo herói da Guerra da Tríplice Aliança. Segundo o historiador e seu biografo Francisco Doratioto, Manuel Luis Osório foi militar contra a vontade, por imposição paterna e pela falta de alternativas para um garoto pobre do interior do Rio Grande do Sul. Mas com o tempo simpatizou com a vida e a carreira militar.Ingressou no Exército aos 14 anos e com 17 anos incompletos já era alferes. Participou de todas as batalhas ocorridas no sul do continente, como a batalha de Sarandi, na guerra da Província Cisplatina, em 1825. Lutou ainda em Passo do Rosário (1828), na Revolução Farroupilha (1835-1845) e na batalha de Monte Caseros (1852), contra o ditador argentino Juan Manuel Rosas.Em 1835, surgia a Guerra dos Farrapos caracterizada por agitações separatistas que, por dez anos, ameaçou a unidade do Império. O tenente Osório, à época, servia o 2º Corpo de Cavalaria Ligeira, na Vila de Bagé, onde abandonou a praça e entregou-a aos farrapos. Osório conduziu seu superior até a fronteira e apresentou-se depois ao coronel Bento Manoel Ribeiro.De espírito liberal, Osório apoiou a causa farroupilha, combatendo inicialmente ao lado dos rebeldes, até a proclamação da República Rio-Grandense em 1836, quando o movimento tomou a causa separatista o que ele não aceitou, motivo pelo qual integrou-se ao Exército Imperial, no qual permaneceu até o fim da revolta. Participou, ainda, dos combates contra os rebeldes em Porto Alegre, Caçapava do Sul e Herval. Tornou-se capitão em 1838 e major em 1842. Em 1844 solicitou a sua reforma, mas o Exército não querendo dispensá-lo, nomeou-o tenente-coronel e comandante do 2º Regimento de Cavalaria de Linha. Auxiliou Caxias na elaboração da paz de Poncho Verde que ocorrida em 25 de fevereiro de 1845. Com o fim da Revolução Farroupilha o imperador Dom Pedro II ainda muito jovem, decidira visitar a Província com o objetivo de consolidar a paz firmada. Caxias confiou a Osório a delicada missão. Em 1856, tornou-se general e, nove anos depois, marechal de campo, depois de ter organizado, no Rio Grande do Sul, o Exército brasileiro que participou da guerra do Paraguai (1865-1870). Comandou as tropas brasileiras que invadiram o Paraguai, em 16 de abril de 1866. Em maio, planejou a estratégia que permitiu ao Brasil vencer a batalha de Tuiuti, a maior do conflito. Recebeu o título de Barão e depois Marquês do Herval. Voltou ao campo de batalha em 1868 e mais uma vez demonstrou competência, conquistando a fortaleza de Humaitá e vencendo a batalha de Avaí. Osório era um homem simples, nada aristocrático, que se dava bem com os soldados e, assim como eles, estava sempre pronto para entrar em ação. Mais tarde foi chamado pelo imperador a ocupar uma cadeira no senado e promovido ao posto de marechal de exército. Em 1878, foi nomeado ministro da guerra, com a ascensão do Partido Liberal ao poder. Permaneceu no cargo até a morte. O General Osório conquistou a fama e reconhecimento nacional e até conquistou certa fortuna. Faleceu no Rio de Janeiro em 4 de outubro de 1879, sendo seu nome, homenageado em vários locais do Brasil, entre eles seu nome no município em que nasceu. Hoje Osório é o patrono da Arma de Cavalaria do Exército brasileiro. Contam os historiadores da época que, certa vez, despachando juntamente com outros ministros diante do imperador, percebeu que Dom Pedro II cochilava, sem dar atenção ao que eles diziam. Aborrecido, Osório deixou cair estrondosamente seu sabre ao chão. Abruptamente despertado, o imperador o admoestou: "Acredito que o senhor não deixava cair suas armas quando estava no Paraguai, marechal". "Não, majestade", respondeu Osório, "mesmo porque lá nós não cochilávamos em serviço".

Por: Diones Franchi
Jornalista
Mestre em História
Fontes:
DORATIOTO, Francisco. General Osório. Companhia das Letras, 2008
FLORES, Moacyr. Historia do Rio Grande do Sul, 1986