quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Herança da cultura portuguesa e espanhola no RS

Não só a herança dos europeus, os povos que estavam aqui já deixavam suas marcas na nossa cultura,
um exemplo vivo é o culto ao chimarrão que muito mais que uma bebida serve como elo de ligação entre pessoas próximas ou para o início de uma amizade. O chimarrão começou com o índios que o serviam com água fria, foi logo adaptado pelos espanhóis na substituição por água quente, como temos até os dias atuais.
Típico da culinária gaúcha, o churrasco é um prato que foi desenvolvido para servir de alimento, assim como o charque. Estes passaram a fazer parte da culinária, assim como o arroz de carreteiro, dentre outros que compõem a tradição gaúcha.
A indumentária gaúcha é a herança da mistura entre portugueses e espanhóis, os quais repassam velhos costumes cultuados pelos gaúchos, assim como as lendas que  mantém vivas as tradições do povo rio-grandense.
Culinárias, festas religiosas, esportes, assim como incentivos para a agricultura e a pecuária foram heranças dos povos europeus aliados aos africanos e índios.
A imigração em massa ocorreu no final do século XIX, quando foram criadas as entidades mutualistas em Porto Alegre, a capital, e em cidades de fronteira com a Argentina e o Uruguai nas décadas de 1940 e 1950.

Fontes:

TORRES, Luiz Henrique. A colonização açoriana no Rio Grande do Sul (1752-1763). Biblos. Rio Grande, p.177-189,2004. 
WEBER, Regina. Espanhóis no sul do Brasil: Diversidade e Identidade. História questões e debates, n.56. Curitiba, UFPR, jan./jun. 2012. p137-157

O gaúcho e as heranças portuguesas e espanholas

A cultura gaúcha nas gineteadas

 O gaúcho e o cavalo

O gaúcho e as heranças portuguesas e espanholas

Lavras do Sul e a terra do ouro

Existiu uma época no Brasil chamada corrida do ouro, iniciada em 1693 com o surgimento das primeiras jazidas, no estado de Minas Gerais. No Rio Grande do Sul, o ouro foi descoberto no final do século XVIII, despertando as atenções do país.
Surgiu da existência das ricas jazidas de ouro, a cidade de Lavras do Sul o único município do Estado surgido e formado em torno deste mineral. Há uma identificação de mais de 250 anos com a mineração, o que fez com que Lavras recebesse a fama de “Terra do Ouro”.
As terras lavrenses pertenciam, originalmente, a Rio Pardo, e depois a Cachoeira do Sul e a Caçapava do Sul. Documentos mostram que, durante a Revolução Farroupilha, em 1835, Lavras acabou por tornar-se quarto distrito de Nossa Senhora de Assunção de Caçapava (atual Caçapava do Sul). Este distrito englobava também os atuais municípios de São Sepé e Santana da Boa Vista.
As obras iniciais do município foram consolidadas a partir de 1849, com as primeiras construções de alvenaria que não obedeciam a um traçado urbano regular.
A fundação de Lavras do Sul ocorreu no dia 9 de maio de 1882, em uma terça-feira, com a denominação Vila de Santo Antônio das Lavras. Esta data é considerada a emancipação oficial do Município. Após 56 anos, em 1938, recebeu a condição de cidade.
O nome oficial de Lavras do Sul foi definido em 29 de dezembro de 1944. O curioso é que o nome da cidade quase se tornou Araíuba que significa (“lugar do ouro”), por conta de um decreto do Governo na época, que disciplinava os nomes das cidades de acordo com suas origens e descendências, ideia que acabou sendo engavetada.

O Garimpo

A primeira grande companhia de extração de ouro surgiu no Município em 1875, a Gold Mining Company, de capital inglês, responsável por um grande crescimento e progresso. Funcionou por mais de uma década, tendo os minerais extraídos no solo lavrense eram cotados como capital na Bolsa de Valores de Londres.
"No fim do século XVIII já havia garimpagem na região. A tradição conta que nos primórdios da mineração foi descoberta uma grande pepita de ouro com o formato da imagem de Santo Antônio, num remando do arroio Camaquã, que hoje banha a cidade. Por essa razão aquela garimpagem recebeu o nome de Santo Antônio das Lavras ficando como padroeiro da localidade o milagroso santo."

A Lenda e o inicio da colonização

Segundo a lenda, que pode ter dado origem à cidade, um garimpeiro teria achado uma pepita grande de ouro com o formato da imagem de Santo Antônio, às margens do arroio Camaquã das Lavras. Espalhada a notícia sobre a ocorrência desse mineral na região, muitos aventureiros perceberam a semelhança do solo local com as terras de Mato Grosso e Minas Gerais. Em 1796, a primeira descoberta de ouro em Lavras aconteceu, dando origem ao início da colonização do município e à exploração da mineração aurífera. Há registros de que o ouro do território onde hoje localiza-se o município foi explorado por europeus e canadenses. Embora o povoamento tenha se estabelecido em 1825, além dos ingleses e canadenses, belgas, espanhóis, portugueses, índios e bandeirantes paulistas já estavam na região, atraídos pela quantidade de ouro existente.

Terra do Ouro

As disputas pelas terras conquistadas por Portugal e Espanha originaram tratados de limites como os de Madri e de Santo Ildefonso que tiveram suas linhas determinadas em documentos e posteriormente demarcadas, pois a linha do Tratado de Santo Ildefonso curiosamente faz uma curva sobre o território do município e as linhas dos dois tratados unem-se justamente sobre o território de Lavras, formando assim um vértice histórico.
Lavras do Sul é o único município gaúcho com origem na mineração e na extração de ouro, através de um acampamento mineiro situado às margens do arroio Camaquã da Lavras (um dos cursos d'água formadores do Rio Camaquã, que desemboca na Laguna dos Patos) surgido para a exploração das pepitas de ouro depositadas naturalmente no leito do rio.
Com a exploração aurífera, formou-se um núcleo populacional que deu origem à cidade, desmembrada originalmente das terras de Rio Grande e Rio Pardo. Emancipou-se de Caçapava do Sul, em 9 de maio de 1882, através da Lei Estadual Nº. 1364. É, por ordem de criação, o 54º município gaúcho.
O nome da cidade deriva da divisão de glebas destinadas à mineração (lavra) do ouro. Ao nome "Lavras" adicionou-se a expressão "do Sul", por já existir um cidade denominada Lavras, em Minas Gerais. Surgiu assim a eterna “terra do ouro”.

Garimpo de Lavras do Sul

Lavras do Sul - Obra de Bianchetti

Garimpeiro de Lavras do Sul

Garimpeiro e Lavras do Sul

Garimpeiros de Lavras do Sul - RS
Município de Lavras do Sul - RS

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Revolução Federalista

A Revolução Federalista foi um movimento armado desenvolvido entre facções políticas rivais encontradas no governo do Rio Grande do Sul. Ocorreu durante o governo de Floriano Peixoto, onde houve uma remodelação dos quadros governamentais com a deposição de todos os políticos próximos à figura de Deodoro da Fonseca. Essa mesma ação política foi estendida à esfera estadual, onde os governadores “pró-Deodoro” foram substituídos por representantes simpáticos ao novo governo. O velho jogo politico se repetia.
Essa transformação nos quadros do poder atingiu o Estado do Rio Grande do Sul, onde dois partidos políticos disputavam o poder entre si. De um lado, o Partido Republicano Rio-Grandense (PRP) que era favorável ao republicanismo positivista e apoiava o novo governo de Júlio de Castilhos, aliado de Floriano. Do outro, o Partido Federalista (PF) era composto por integrantes contrários ao governo Júlio de Castilhos e defensores da maior autonomia dos estados por meio de um regime parlamentarista.
A diferença de perspectiva política entre esses dois grupos políticos somente piorou com a imposição do governador Julio de Castilhos. Inconformados com a imposição presidencial, os federalistas liderados por Gaspar Silveira Martins e Gumercindo Saraiva pegaram em armas para exigir a anulação do governo castilhista, em fevereiro de 1893. A rápida reação das tropas governamentais acabou obrigando os federalistas a recuarem para regiões do Uruguai e da Argentina.
A reação dos federalistas foi articulada com a conquista da cidade sulista de Bagé. Realizando ataques surpresa em diferentes pontos do estado, os revoltosos conseguiram avançar no território nacional tomando regiões em Santa Catarina e no Paraná. Naquele mesmo ano, a Revolta da Armada, ocorrida no Rio de Janeiro, se uniu à causa dos federalistas gaúchos conquistando a região de Desterro, em Santa Catarina.
Mesmo com o apoio dos militares cariocas, a tentativa de golpe acabou enfraquecendo. O apoio ao governo de Floriano Peixoto contava com setores muito mais significativos da população. Dessa maneira, a tentativa de golpe acabou não se consolidando. No entanto, a violência empregada nos confrontos, foi marcada por cerca de 10.000 mortes, deixou a Revolução Federalista popularmente conhecida como a “revolução da degola”. Um dos grandes nomes das degolas foi o Coronel Adão Latorre, do movimento de Gaspar Silveira Martins. A degola ficou comum, por que os federalistas não possuíam muita munição, e para poupar era usado a faca.
Em junho de 1895, os conflitos da revolução chegaram ao fim com as lutas ocorridas no campo de Osório. O federalista Saldanha da Gama lutou até a morte com os últimos quatrocentos homens remanescentes em suas tropas. Para dar fim a outros possíveis levantes, um acordo de paz foi assinado, em agosto de 1895, concedendo anistia a todos os que participaram do conflito.





sábado, 21 de novembro de 2015

A Revolução Farroupilha

Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecida a revolução contra o governo imperial na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Os revoltosos criaram a República Rio-Grandense. A revolta estendeu-se de 1835 a 1845.

As causas

O estopim da Revolução Farroupilha foi o interesse dos grandes estancieiros e dos charqueadores, que formaram uma economia baseada na produção de charque. No início da década de 30, o governo aliou a cobrança de uma taxa extorsiva sobre o charque gaúcho a incentivos para a importação do importado do Prata. Ao mesmo tempo aumentou a taxa de importação do sal, insumo básico para a fabricação do produto.
Os estancieiros reclamavam que a província era tratada como a "estalagem" do império, servia apenas para guarnecer as fronteiras contra a cobiça espanhola.

A História

O 20 de setembro, assinala o início da revolução com a tomada de Porto Alegre. A invasão começou na noite de 19 de setembro de 1835, quando José Gomes Vasconcelos Jardim e Onofre Pires acamparam com cerca de 200 cavaleiros nas cercanias da cidade. Na mesma noite, travou-se um rápido combate sobre a Ponte da Azenha. Os farrapos botaram a correr um piquete liderado por José Gordilho de Barbuda, o Visconde de Camamu. O presidente da província, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, fugiu de barco para Rio Grande. Na manhã do dia 20, Porto Alegre amanheceu com proclamações dos revolucionários pregadas nas esquinas, nas praças e até na porta do palácio.
Em 9 de setembro de 1836, os farrapos, comandados pelo general Netto, impuseram uma violenta derrota ao Exército Imperial, no Arroio Seival, próximo a Bagé. Empolgados, os chefes farroupilhas no local decidiram pela proclamação da República Rio-Grandense, o que ocorreu no dia 11. Bento Gonçalves foi proclamado presidente. O movimento passava ao nível separatista. Em 1º de outubro do mesmo ano, porém, Bento é derrotado e preso pelos imperiais no combate da Ilha de Fanfa.
Nos dois anos seguintes, os confrontos se alongaram e os farrapos ganharam o apoio de duas novas lideranças revolucionárias: o brasileiro David Canabarro e o italiano Giuseppe Garibaldi. Em julho de 1839, estes exímios combatentes partiram em direção de Santa Catarina, onde conquistaram a cidade de Laguna e proclamaram a chamada República Juliana.
Os principais enfrentamentos da guerra, por ordem cronológica, foram: Seival (10/9/1836), Fanfa (4/10/1836) Rio Pardo (30/4/1837) Laguna (foram na verdade, dois combates, aquele em que os farrapos tomaram a cidade, em 22/7/1839, e a reconquista pelas forças imperiais, em 15/11/1839), Taquari (3/5/1840), São José do Norte (16/6/1840), Ponche Verde (26/5/1843), e Porongos (14/11/1844).
Em 1842, o governo designou o Barão de Caxias para o comando das tropas imperiais. Ele começou a articular as negociações que, finalmente, encerrariam o conflito. Após serem derrotados na batalha dos Porongos, os farrapos começaram as negociações de paz. Em março de 1845, finalmente, o tratado do Ponche Verde garantiu os interesses dos revolucionários gaúchos principalmente o aumento da taxa sobre o charque estrangeiro e a hegemonia territorial do império, encerrando a longa campanha.

Linha do tempo

1835

19/09 - Gomes Jardim e Onofre Pires comandam uma força de 200 rebeldes. Acampados nas cercanias de Porto Alegre, enfrentam os legalistas na Ponte da Azenha.
20/09 - Os revoltosos entram em Porto Alegre. O presidente da Província, Antônio Fernandes Braga, foge para Rio Grande.
21/09 - Bento Gonçalves chega à Capital.
08/10 - Os farroupilhas ocupam Piratini.

1836
15/06 - Depois de várias escaramuças, Porto Alegre é retomada pelos imperiais.
10/09 - Combate do Seival
11/09 - O general Netto proclama a República Rio-grandense.
04/10 - Combate da Ilha do Fanfa. Bento é preso.
06/11 - Instala-se em Piratini, escolhida Capital, o primeiro governo republicano. Apesar de preso, Bento Gonçalves é eleito presidente. O cargo fica interinamente com Gomes Jardim.

1837

07/05 - Forças farrapas comandadas pelo general Netto restabelecem o cerco sobre Porto Alegre, mas não conseguem tomar a Capital.
10/09 - Bento Gonçalves foge da fortaleza onde se encontrava preso, na Bahia, e volta à província.
10/11 - Bento reassume o comando rebelde e se incorpora às tropas que cercam Porto Alegre.

1838

30/04 - Combate de Rio Pardo.
20/05 - O italiano Giuseppe Garibaldi dá início à construção de dois lanchões no estaleiro farrapo, montado às margens do Rio Camaquã.

1839

14/02 - O governo rebelde é transferido para Caçapava, que passa a ser a nova capital da República Riograndense.
06/06 - Começa a travessia dos lanchões Rio Pardo e Seival, da Lagoa dos Patos até Tramandaí. Parte do trajeto é feito por terra, e as embarcações são puxadas por juntas de boi.
29/07 - É proclamada a República Catarinense, em Laguna.

1840

22/03 - A capital da República Riograndense é transferida de Caçapava para Alegrete.
03/05 - Batalha do Taquari. Farrapos e legalistas proclamam-se vitoriosos.
16/07 - Os farrapos são derrotados em São José do Norte.

1841

19/10 - Apesar do cerco de quase quatro anos, Porto Alegre permanece inacessível aos farroupilhas. Por isso, recebe o título honorífico de "Leal e Valorosa".
28/12 - Assinado tratado de ajuda mútua entre a República Rio-grandense e a República Oriental do Uruguai.

1842

09/11 - O barão de Caxias assume como presidente da Província de São Pedro e comandante das forças legalistas.
1º/12 - Abertura da Assembleia Constituinte da República Rio-grandense, em Alegrete.

1843
11/01 - O barão de Caxias marcha para os campos de batalha.
26/05 - Combate de Ponche Verde.

1844

27/02 - Duelo entre Bento Gonçalves e Onofre Pires, que morre quatro dias depois em consequência dos ferimentos.
14/11 - De surpresa, os farrapos são atacados e derrotados no combate de Porongos.

1845

28/02 - É assinado o acordo de paz entre farroupilhas e imperiais em Ponche Verde. Canabarro, comandante do exército republicano, proclama o fim do conflito.
1º/03 - O barão de Caxias anuncia a pacificação.


Proclamação da  República Rio - Grandense

 Guerra dos Farrapos


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

A Formação do Gaúcho

O gaucho gaúcho é um sujeito ligado pelo processo colonial na América do Sul. Ele surgiu em meio às necessidades de ocupação e exploração do Pampa, em uma região do império espanhol.
A partir da penetração do gado vindo do Paraguai e seu posterior espalhamento pelo Pampa, juntamente com o cavalo, o gaucho gaúcho vai surgindo na medida em que os rebanhos vão se tornando comercialmente importantes, tanto para a Espanha como para Portugal.

As vaquerias

Eram verdadeiras caçadas aos rebanhos de gado, objetivando com isto o couro (séculos XVII e XVIII) e secundariamente a carne. As vaquerias se tornam pelo conjunto de práticas que exigem e, ao mesmo tempo que ensinam, o local de formação da vida gauchesca, isto é, o lugar de/para apreender e ensinar as lidas.

Origem social do gaucho gaúcho

Eram um grupo composto tanto por brancos, espanhóis e portugueses, e também por índios e mestiços.
Todos estes grupos se encontram e se transformam em meio às necessidades do comércio colonial.
Grande número de indivíduos brancos, índios e mestiços que andavam vagando por aqueles distritos sem meios de subsistirem e sem agências para os procurarem, seguiram quase por necessidade de um modo de vida servil debaixo da subordinação dos famosos mestres dos contrabandos.
A construção de uma prática associada ao manejo dos rebanhos, como também a elaboração de um repertório de ações que caracterizam o gaucho gaúcho como um especialista, está ligada à presença das missões no Pampa.

As missões e o território Pampeano

Dividindo o Pampa em vaquerias, lugares de resguardo dos rebanhos, os jesuítas, juntamente com os índios guaranis, efetivaram o conhecimento dos campos, flora e fauna, dos vaus e dos caminhos da região Pampeana que permitiu ao gaucho gaúcho se tornar um perfeito vaqueano.
Esses sujeitos se encontram como especialistas na arte do camperear e, a partir de suas práticas, vão se tornando úteis ao comércio da região. Com o crescimento da utilização do couro e com isto o aumento de seus preço na Europa, a relação gaucho gaúcho com a sociedade colonial se modifica. Surgia assim a determinação e a real importância do gaúcho para a sua formação.

Formação do Gaúcho Gaucho - As Vaquerias

Formação do Gaúcho Gaucho - As Vaquerias

Mapa da penetração do gado no Rio Grande do Sul e Pampa.

Mapa da penetração do Gaúcho Gaucho, também conhecidos como changueadores e com fama negativa como vagabundos vagos.


Mapa político do Sul, destacando a região do Pampa, onde surgiu os gaúchos.

O surgimento do primeiro CTG

Os Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) são sociedades, sem fins lucrativos, que tem por finalidade divulgar as tradições e o folclore da cultura gaúcha.
Eles podem ser diferenciados de Departamentos de Tradições Gaúchas, existindo também os piquetes, grupos que tem uma sede menor, mas mantem as tradições gaúchas.
O surgimento do primeiro CTG começou a ser idealizado em agosto de 1947, em Porto Alegre, com uma proposta de esperança, onde a liberdade e o amor à terra tinham vez e lugar. Jovens estudantes, oriundos do meio rural, de todas as classes sociais, liderados por Paixão Cortes, criaram um Departamento de Tradições Gaúchas no Colégio Júlio de Castilhos, com a finalidade de preservar as tradições gaúchas, mas também desenvolver e proporcionar uma revitalização da cultura rio-grandense, interligando-se e valorizando-a no contexto da cultura brasileira. Dentro deste espírito é que surge a criação da Ronda Crioula , estendendo-se do dia 7 ao dia 20 de setembro, as datas mais significativas para os gaúchos.
Entusiasmados com a idéia procuraram a Liga de Defesa Nacional, e contataram o então Major Darcy Vignolli, responsável pela organização das festividade da "Semana da Pátria, e lhe expressaram o desejo do grupo de se associarem aos festejos, propondo a possibilidade de ser retirada uma centelha da "Fogo Simbólico da Pátria" para transformá-la em "Chama Crioula", como símbolo da união indissolúvel do Rio Grande do Sul à Pátria Mãe, e do desejo de que a mesma aquecesse o coração de todos os gaúchos e brasileiros durante até o dia 20 de setembro, data que se comemora a Revolução Farroupilha.Nessa oportunidade, Paixão recebeu o convite para montar uma guarda de gaúchos pilchados em honra ao herói farrapo, David Canabarro, que seria transladado de Santana do Livramento para Porto Alegre.
Paixão Cortes, para atender o honroso convite, reuniu um piquete de oito gaúchos bem pilchados e, no dia 5 de setembro de 1947, prestaram a homenagem a Canabarro. Esse piquete é hoje conhecido como o Grupo dos Oito, ou Piquete da Tradição. Primeira semente que seria semeada no ano seguinte, na criação do "35" CTG. Antônio João de Sá Siqueira, Fernando Machado Vieira, João Machado Vieira, Cilso Araújo Campos, Ciro Dias da Costa, Orlando Jorge Degrazzia, Cyro Dutra Ferreira e João Carlos Paixão Cortes, seu líder. Durante o cortejo, o "grupo dos Oito", os jovens estudantes, conduziam as bandeiras do Brasil, do Rio Grande e do Colégio Júlio de Castilhos. O nome 35 se refere há uma homenagem ao início da Revolução Farroupilha em 20 de setembro de 1935, quando os farroupilhas tomaram Porto Alegre do Império. O 35 CTG é o primeiro do Rio Grande do Sul e foi fundado em 24 de abril de 1948.




Maragatos e Pica - Paus (Chimangos)

Os termos "maragato" e "pica-pau", foram usados para se referir às duas grandes correntes políticas gaúchas, e identificados, respectivamente, com o uso do lenço vermelho e do lenço branco, surgindo no Rio Grande do Sul em 1893, durante a Revolução Federalista.
Os maragatos foram os que iniciaram a revolução, que tinha como justificativa a resistência ao excessivo controle exercido pelo governo central sobre os estados. O objetivo da revolução seria, portanto, garantir um sistema federativo, em que os estados tivessem maior autonomia.
O termo "maragato", aplicado aos federalistas, tem uma explicação inusitada. No Uruguai eram chamados de maragatos os descendentes de imigrantes espanhóis oriundos da área situada na província de León, na Espanha, conhecida como Maragateria. Os maragatos espanhóis eram eminentemente nômades, e adotavam profissões que lhes permitissem estar em constante deslocamento.
Os defensores do governo central passaram a chamar os revolucionários de "maragatos" com o intuito de insinuar que, na verdade, as tropas dos rebeldes eram constituídas por mercenários uruguaios. A realidade oferecia alguma base para essa assertiva — Gumercindo Saraiva, um dos líderes da revolução, havia entrado no Rio Grande do Sul vindo do Uruguai pela fronteira de Aceguá, no Departamento de Cerro Largo, e liderava uma tropa de 400 homens entre os quais estavam uruguaios.
No entanto, dar esse apelido aos revolucionários foi adotado pelos próprios rebeldes, que passaram a se denominar "maragatos", e chegaram a criar um jornal que levava esse nome, em 1896.
Já o termo pica-pau, aplicado aos republicanos que apoiavam o governo central, teria surgido em função das listras brancas do topete do pássaro, pois os governistas de Julio de Castilhos, usavam chapéus com divisas brancas, que lembravam o topete do pica-pau, enquanto que as dos maragatos de Gaspar Silveira Martins eram vermelhas.
É importante lembrar que o termo Chimango no lugar do Pica Pau surgiu apenas na Revolução de 1923.

Revolução de 1923 - Maragatos e Chimangos

A Revolução de 1923 foi o movimento armado ocorrido durante onze meses daquele ano no estado do Rio Grande do Sul no Brasil, em que lutaram, de um lado, os partidários de Borges de Medeiros (borgistas ou Chimangos, que tinham como distintivo ou característica o lenço de gaúcho, ao pescoço na cor branca) e, de outro, os aliados de Joaquim Francisco de Assis Brasil (assisistas ou maragatos que tinham como distinção, distintivo ou característica o lenço gaúcho ao pescoço na cor vermelha).

MARAGATO

O termo tinha uma conotação pejorativa atribuída pelos legalistas aos revoltosos liderados por Gaspar Silveira Martins em 1893, que deixaram o exílio, no Uruguai, e entraram no Rio Frande do Sul à frente de um exército.
Como o exílio havia ocorrido em região do Uruguai colonizada por pessoas originárias da Maragateria (na Espanha), os republicanos apelidaram-nos de "maragatos", buscando caracterizar uma identidade "estrangeira" aos federalistas.
Com o tempo, o termo perdeu a conotação pejorativa e assumiu significado positivo, aceito e defendido pelos federalistas e seus sucessores políticos também na Revolução de 1923.
O lenço VERMELHO identificava o maragato.

CHIMANGO

Após a Proclamação da República, e por ocasião da Revolução de 1923, os federalistas apelidaram os governistas de ximangos (Chimangos).
Identificavam-se por lenço branco envolvendo o pescoço; seus antagonistas regionais eram os maragatos, de lenço vermelho.
A grafia pode ser ximango. Ave de rapina, falconídea, semelhante ao carcará.
Esse nome foi dado aos liberais moderados pelos conservadores, no início da Monarquia brasileira. No Rio Grande do Sul, nos anos de 1920, foi a alcunha dada pelos federalistas ao governistas do Partido Republico Rio-grandense.
O lenço de cor BRANCA identificava os chimangos.

Chimangos x Maragatos

Os chimangos caracterizavam-se politicamente pela tendência governista, enquanto os maragatos costumavam adotar posição oposicionista, a nível estadual perpetuando-se no poder.

Diones Franchi - Jornalista

Representação de dois gaúchos sobre a paz entre Chimangos e Maragatos diante da cruz. Houve muitas baixas de combatentes durante as revoluções de 1893 e 1923.

Os gaúchos celebram a união dos Maragatos e Chimangos através de seus lenços.

Lenço vermelho - Maragato e Lenço Branco - Pica Pau (Chimango).


Os dois lenços são até hoje usados pelos gaúchos e respectivamente pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Curiosidades sobre o Rio Grande do Sul

1. O Rio Grande do Sul é um dos 27 estados brasileiros e o mais rico da região Sul. Sua capital é Porto Alegre.
2. Faz divisa com apenas um Estado do Brasil, Santa Catarina, ao norte; ao Sul, faz fronteira com o Uruguai, e a Oeste com a Argentina.
3. É banhado pelo oceano Atlântico e possui duas das maiores lagoas do Brasil: a Lagoa Mirim e a Lagoa Mangueira, além de possuir uma das maiores lagunas do mundo: a Lagoa dos Patos.
4. Sua população é em grande parte formada por descendentes de portugueses, alemães, italianos, africanos e indígenas, mas encontram-se também poloneses, franceses e espanhois em menor número.
5. O gentílico mais utilizado para nomear as pessoas nascidas no estado é o têrmo “gaúcho”.
6. O Rio Grande do Sul foi palco de grandes revoltas federalistas, como a Guerra dos Farrapos, e participou da luta contra Rosas e da Guerra do Paraguai.
7. Devido ao grande número de imigrantes, em suas cidades a arquitetura de várias casas lembra construções antigas típicas da Europa.
8. Possui uma economia baseada na agricultura (soja, trigo, arroz e milho), na pecuária e na indústria (de couro e calçados, alimentícia, têxtil, madeireira, metalúrgica e química).
9. Foi o estado brasileiro que elegeu mais presidentes da República, direta ou indiretamente. Ao todo foram seis: Hermes da Fonseca, Getúlio Vargas, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel. João Goulart era o vice-presidente quando assumiu o cargo devido a renúncia de Jânio Quadros.
10. Dentre as festas religiosas do estado, destaca-se, na capital, a procissão fluvial de Nossa Senhora dos Navegantes padroeira de Porto Alegre, em 2 de fevereiro. Nesse mesmo dia acontece a Festa à Iemanjá .
11. A Califórnia da Canção Nativa é um evento musical considerado como patrimônio cultural do estado que ocorre a cada ano em diversas cidades, com a final no mês de dezembro em Uruguaiana.
12. É, atualmente, o estado com maior número de museus do Brasil, somando 66 espalhados em seu território.
13. A Praia do Cassino, com 212 km, é a maior praia do mundo.
14. A cidade de Gramado é conhecida mundialmente pelo seu famoso festival de cinema.
15 .A cidade de Mata é a única do Brasil, com fósseis que eram madeira e viraram pedras, sendo um dos principais sítios arqueológicos do Mundo.
16. A cozinha típica gaúcha tem como prato principal o churrasco. 
17. A bebida típica é o chimarrão (chá de erva-mate quente e amargo sorvido por meio de uma bomba).
18. Foi um dos poucos estados brasileiros que declarou república e independência durante uma Guerra.
19. O Rio Grande do Sul é o terceiro estado com maior número de municípios, atrás de Minas Gerais e São Paulo. Ao todo, são 497 cidades gaúchas.
20. O Rio Grande do Sul possui o 4º maior PIB do país, superado apenas por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Diones Franchi - Jornalista


Presidentes do Brasil Gaúchos

O Rio Grande do Sul é o estado que mais presidentes elegeu na História do Brasil. O Rio Grande do Sul foi o estado brasileiro que mais presidentes da República elegeu, direta ou indiretamente. Foram seis presidentes gaúchos: Hermes da Fonseca, Getúlio Vargas, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Goulart que assumiu o cargo, como vice-presidente, com a renúncia de Jânio Quadros.

Presidente Hermes da Fonseca, natural de São Gabriel - RS.



Getúlio Vargas - Foi o presidente considerado o "Pai dos Pobres" e conhecido principalmente pela implantação das leis trabalhistas no Brasil. Natural de São Borja - RS.


João Goulart - O Último presidente antes do Golpe de 1964 e por consequência a ditadura. Natural de São Borja - RS.

Presidente Costa e Silva era do período da ditadura militar e natural de Taquari - RS.


Emílio Garrastazu Médici considerado o presidente mais "linha dura" no período da ditadura militar. Natural de Bagé - RS.



Ernesto Geisel - Presidente na ditadura militar e natural de Bento Gonçalves - RS.








A Prenda

Para o movimento tradicionalista gaúcho, prenda é a mulher gaúcha que faz par com o peão, o gaúcho. A indumentária típica da prenda consiste em um vestido (ou saia e blusa), com ou sem casaquinho, cuja barra alcança o peito do pé. O modelo da saia varia de acordo com a idade e estrutura física da prenda. As mangas da blusa podem ser longas, três-quartos ou até o cotovelo, e podem ser lisas ou levemente franzidas, mas não bufantes. Geralmente a prenda não usa decote, mas, um leve decote, com ou sem gola, sem expor os ombros e o seio, é admitido. Os sapatos são geralmente pretos, brancos ou beges, com uma tira sobre o peito do pé abotoada do lado de fora, podendo ter salto cinco ou meio salto.
Os cabelos devem estar semipresos, presos ou em tranças, enfeitadas com flores discretas, que podem ser naturais ou artificiais. As mulheres mais jovens podem usar travessas simples ou com flores discretas e passadores nos cabelos. Em respeito à idade ou gosto pessoal, o uso de adereço no cabelo é opcional.
A maquiagem deve ser discreta e de acordo com a idade e a ocasião social e jamais se deve usar brincos de plástico coloridos, relógio, pulseiras, luvas ou colares. Uma das músicas mais conhecidas do ramo tradicionalista é a canção Prenda Minha, que se refere ao apego do gaúcho em sua amada. Essa canção pertence a literatura oral do Rio Grande do Sul, conhecida como "O cancioneiro do Rio Grande do Sul".

Prenda minha

Vou-me embora, Vou-me embora,
Prenda minha,
Tenho muito que fazer,
Tenho que parar rodeio,
Prenda minha,
No peito do bem-querer.

Noite escura, muito escura,
Prenda minha,
Toda a noite me atentou;
Quando foi de madrugada,
Prenda minha,
Foi-se embora e me deixou.





Aceguá - Uma importante rota do pampa

Aceguá tem algo peculiar, pois é uma localidade fronteiriça do mesmo nome com duas nacionalidades, mas constituídos de uma só população. De um lado o município de Aceguá no Brasil e do outro lado o distrito ou vila de Aceguá no Uruguai. A origem do nome Aceguá no dialeto Tupi-Guarani é Yaceguay ou "yace-guab", e possui diversos significados, entre eles “Divisa ou Lugar de descanso eterno”, pois indicava o local que os indígenas escolhiam para viver seus últimos dias, pelo fato de ser um lugar alto que proporcionava alentadora visão panorâmica da região e proximidade com o céu (provável cemitério indígena); outro significado é "Terra alta e fria", características geográfica e climática do local; mais outra interpretação é "Seios da lua", por ser local com cerros altos (Serra do Aceguá). Existe também no folclore popular da região outra explicação para a origem do nome Aceguá, que por ser uma região de abundância de uma espécie de lobo pequeno, denominado “Guará ou Sorro``, que possui um uivo característico. Também foi por mais de dois séculos o ``El Camino de Los Quileros", que seriam os contrabandistas castelhanos e portugueses. Eles circulavam com mercadorias em lombo de cavalos, conforme as demandas de cada um dos mercados da banda Ocidental e Oriental da fronteira. Estes ao passar pelos cerros e ouvir o uivo dos ``Sorros `` diziam, "Hay um bicho que hace guá".
Isso faz com que a formação da vila do Aceguá seja resultante do comércio informal entre os dois países, pois a fronteira seca é um caminho natural entre países limítrofes. Sua etnia é diversificada, composta por descendentes de portugueses, espanhóis, índios e negros, que formaram ``o gaúcho`` ou "el gáucho" nos dois lados da fronteira.
A região também recebeu a colonização alemã, resultante das comunidades rurais de Colônia Nova, Colônia Médice e Colônia Pioneira, com hábitos e tradições germânicas. Também recebeu a imigração árabe, com costumes e tradições próprias, que passaram a explorar e dinamizar o comércio local.
Aceguá no século XX, principalmente no período após a Segunda Guerra Mundial com a carência de proteína vermelha e de agasalhos na Europa, passa por um período de grande desenvolvimento e fortalecimento na exportação da bovinocultura de corte e ovinocultura, produtos altamente expressivos até hoje no PIB do município.
Os índios Guaranis, ao que tudo indica, já habitavam, eventualmente, a localidade de Aceguá, antes do descobrimento do Brasil, que por ter uma pequena altitude em relação ao nível do mar se tornava uma região estratégica para observação e caça.
O clima da cidade que divide Brasil e Uruguai é variado e bem definido, ou seja, as temperaturas extremas variam de -5ºC até 38ºC durante o ano.
Na localidade, a fauna e a flora são diversificadas. A flora nativa impressiona pela qualidade das gramíneas. Aves e mamíferos típicos da região, como sorro, zorrilho, capincho, veado, ema, joão-de-barro, entre outros. Apesar de historiadores acreditarem que a cidade é habitada há mais de quinhentos anos, os primeiros registros datam de 1752, quando o índio Sepé Tiarajú, barrou os trabalhos das Coroas Ibéricas que vieram cumprir o Tratado de Madrid.
Na história, Aceguá foi rota de passagem em momentos históricos, como em 1773 que Vertiz y Salcedo cruzaram a cidade a fim de fundar o Forte Santa Tecla. Em 1811, D. Diogo de Souza passou para conquistar Montevidéu com três mil soldados. E em 1893, quando Gumercindo Saraiva entra no território Rio-grandense para deflagrar a Revolução Federalista.
Após alguns tratados de território e de limite, em 09 de maio de 1915, o Presidente da Província, Borges de Medeiros, reuniu-se com o Presidente de Aceguá, Feliciano Vieira, para a inauguração do Marco número 1, em homenagem ao Barão de Rio Branco.
Aceguá hoje é uma das fronteiras importantes que o Brasil possui, sendo mais uma rota comercial.

Diones Franchi - Jornalista






terça-feira, 17 de novembro de 2015

A História do Hino Rio - Grandense

O Hino Rio-Grandense é o hino oficial da República do estado do Rio Grande do Sul. E podemos dizer que é um hino diferenciado dos demais estados, por seu significado junto a história do Rio Grande do Sul. A letra é de Francisco Pinto da Fontoura, a música do Comendador Maestro Joaquim José Mendanha e a harmonização de Antônio Corte Real. Em um espaço de tempo de quase um século oficialmente existe o registro de três letras diferentes para o hino, desde os tempos da Revolução Farroupilha até aos nossos dias, até que finalmente foi resolvido, por uma comissão abalizada, que somente um deles deveria figurar como hino oficial, pouco antes dos festejos do Centenário da Revolução Farroupilha. A obra original possuía uma estrofe que foi suprimida, além de uma repetição do estribilho, pelo mesmo dispositivo legal que a oficializou como hino do estado pela lei nº 5.213, de 5 de Janeiro 1966 .
A história real do Hino começa com a tomada da Vila de Rio Pardo, pelas forças revolucionárias farroupilhas. Nesta ocasião foi aprisionado uma unidade do Exército Imperial, o 2° Batalhão, inclusive com a sua banda de música. O mestre desta banda musical, era Joaquim José de Mendanha, mineiro de nascimento que também foi feito prisioneiro, na época era um músico muito famoso e considerado um grande compositor. Por ironia do destino após a sua prisão, Mendanha, teria sido convencido a compor uma peça musical que homenageasse a vitória das forças farroupilhas, na vitória de 30 de abril de 1838, no célebre “Combate de Rio Pardo”.
Mendanha, diante das circunstâncias, resolveu compor uma música que, segundo alguns autores, era um plágio de uma valsa de Strauss. A melodia composta por Mendanha era apenas musicada. E o capitão Serafim José de Alencastre, pertencente às hostes farrapas e que também era versado em música e poesia, entusiasmado pelos acontecimentos, resolveu escrever uma letra alusiva à tomada de Rio Pardo.
à tomada de Rio Pardo.
Quase um ano após a tomada de Rio Pardo, foi composta uma nova letra e que foi cantada como Hino Nacional, mas o autor deste hino é desconhecido, oficialmente. Ele é dado como criação de autor ignorado. O jornal “O Povo”, considerado o jornal da República Rio-grandense em sua edição de 4 de maio de 1839 chamou-o de “o Hino da Nação”.
Após o término do movimento apareceu uma terceira letra, desta vez com autor conhecido: Francisco Pinto da Fontoura, vulgo “o Chiquinho da Vovó”. Esta terceira versão foi a que mais caiu no agrado da alma popular. Um fato que contribui para isto foi que o autor, depois de pronto este terceiro hino, continuou ensinando aos seus contemporâneos o hino com sua letra. A letra deste autor é basicamente a mesma adotada como sendo a oficial até hoje, mas a segunda estrofe, que foi suprimida posteriormente, era a seguinte:
Entre nós reviva Atenas
Para assombro dos tiranos;
Sejamos gregos na Glória,
E na virtude, romanos.
Ninguém queria relembrar feitos de outro povo como os gregos, e então se decidiu pela retirada desta parte da letra.
O hino definitivo do Rio Grande do Sul
Em 1933, no ano em que estavam no auge os preparativos para a “Semana do Centenário da Revolução Farroupilha”, um grupo de intelectuais resolveu escolher uma das versões para ser a letra oficial do hino do Rio Grande do Sul.
A partir daí, o Instituto Histórico contando com a colaboração da Sociedade Rio-Grandense de Educação, fez a harmonização e a oficialização do hino. O Hino foi então adotado naquele ano de 1934, com a letra definitiva, conforme fora escrito pelo autor, no século passado, caindo em desuso os outros poemas.
No ano de 1966, o Hino foi oficializado como Hino Farroupilha ou Hino Rio-Grandense, por força da lei de 05 de janeiro de 1966, quando foi suprimida a segunda estrofe.

Hino Rio – Grandense
LETRA: Francisco Pinto da Fontoura (vulgo Chiquinho da Vovó)
MÚSICA: Comendador Maestro Joaquim José de Mendanha
HARMONIZAÇÃO: Antônio Corte Real


Como aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o 20 de Setembro
O precursor da liberdade
Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo
Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra
De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra.








Gaspar Silveira Martins

Confira a história e a trajetória de Gaspar Silveira Martins, lider gaúcho e uruguaio que foi destaque na Revolução Federalista. Saiba os mitos e as verdades de Silveira Martins contadas pelo seu próprio bisneto Antônio Lafayette Pereira.

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Mercado Público de Bagé

Confira no Programa Memórias do Pampa, pela TV Câmara Bagé, a história do Mercado Público de Bagé. O resgate de um dos grandes patrimônios do município, que acabou por ser demolido em nome da modernidade.

A cultura do chimarrão

O chimarrão ou mate é a tradicional bebida do Rio Grande do Sul, que se caracteriza como um símbolo da hospitalidade do gaúcho. É a marca registrada do estado. É de conhecimento de todos os gaúchos que o típico chimarrão é composto por uma cuia de porongo, uma bomba, espécie de canudo metálico, erva-mate moída e água morna. O costume de tomar chimarrão é hoje, comum no meio rural e também no urbano. O mate faz parte da vida do gaúcho desde o amanhecer até a noite, quando encerra suas atividades diárias. O termo mate é mais utilizado nos países de língua castelhana. O termo "chimarrão" é o adotado no Brasil, oriunda da palavra castelhana cimarrón, que significava, o gado selvagem que habitava a região do pampa e também o cão sem dono, bravio, que se alimentava de animais que caçava. O chimarrão chegou a ser proibido no sul do Brasil durante o século XVI, sendo considerada "erva do diabo" pelos padres jesuítas das reduções do Guairá. A partir do século XVII, os próprios sacerdotes passaram a incentivar seu uso com o objetivo de afastar as pessoas do álcool. A história do chimarrão provém das culturas indígenas quíchuas, aimarás e guaranis da região do Guaíra no Paraguai. Além da influência indígena, sua difusão se deve também, pela geografia do Rio Grande do Sul. O uso desta planta como bebida tônica e estimulante já era conhecida pelos aborígines da América do Sul. Nos túmulos dos pré-colombianos no Peru, foram encontradas folhas de erva mate ao lado de alimentos e objetos, demonstrando o seu uso pelos incas. O cultivo em grande escala da erva mate começou através dos soldados espanhóis em 1536, quando chegaram à foz do Rio Paraguai. No local, impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina, Assunción del Paraguay. Os desbravadores, nômades por natureza, com saudades de casa e longe de suas mulheres, estavam acostumados a grandes bebedeiras, que muitas vezes duravam a noite toda. No dia seguinte, acordavam com uma ressaca proporcional. Os soldados observaram que tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios guarani, o dia seguinte ficava bem melhor e a ressaca sumia por completo. Os índios guarani começam a influenciar os espanhóis no hábito de beber erva- mate, chamada também de "Ilex Paraguariensis". Assim, o chimarrão começou a ser transportado pelo Rio Grande do Sul na garupa dos soldados espanhóis. As margens do rio Paraguai em uma floresta coletavam taquaras, que eram cortadas pelos soldados na forma de copo. A bomba de chimarrão que se conhece hoje também era feita com um pequeno cano dessas taquaras, com alguns furos na parte inferior e aberta em cima. Mas o homem branco, ao chegar ao pago gaúcho, também encontrou o índio guarani tomando o chá, em porongo, bebendo o CAÁ-Y mate em guarani, através do TACUAPI, uma bomba de taquara. Podemos dizer, que o chimarrão é o aconchego do gaúcho, é o espírito democrático, é o costume que permanece, de mão em mão, mantendo acesa a chama da tradição e da união, que habita os ranchos, os galpões dos mais longínquos rincões do pago dos pampas. O mate é a voz quíchua, que designa a cuia, isto é, o recipiente para a infusão da erva. Atualmente, por extensão, passou a designar o conjunto da cuia, erva-mate e bomba, isto é, o mate pronto. O homem do campo passou o hábito para a cidade, até consagrá-lo regional. O chimarrão é um hábito, uma tradição, uma raiz cultural espontânea. A erva-mate é uma árvore da família das aquifoliáceas originária da América do Sul, presente no sul do Brasil, norte da Argentina, Paraguai e Uruguai. Os indígenas fizeram de seu hábito de beber infusões com suas folhas, o surgimento do chimarrão. Diones Franchi Jornalista