quarta-feira, 1 de junho de 2022

Piratini – A Primeira Capital Farroupilha

Piratini é um município brasileiro localizado no Rio Grande do Sul, sendo destaque no estado por ter sido a primeira capital farroupilha e também a primeira capital de princípios republicanos no Brasil. Antes da chegada dos europeus, o território gaúcho era habitado por povos indígenas, entre eles os índios Tapes (guaranis) que habitavam a região de Piratini. Sua cultura era baseada na produção e cultivo da horticultura tecnicamente muito simples. Piratini" ou "Piratinin" (denominação primitiva) na língua tupi-guarani que significa "peixe barulhento". A história do município de Piratini se inicia de fato em 1777, quando os primeiros militares portugueses instalaram-se às margens do rio Piratini. No entanto a fundação aconteceu, mais tarde em 6 de julho de 1789, quando chegaram a região 48 casais açorianos. As terras onde foram colocados os casais faziam parte de uma estratégia de ali barrar possíveis caminhos de invasão por espanhóis ao Rio Grande do Sul, ao longo do divisor da serra dos Tapes, a partir de Cerro Largo (atual Mello), e através do passo Centurión (então Passo Nossa Senhora da Conceição) do rio Jaguarão. Os casais se estabeleceram em Piratini, de 1789 a 1807, com o objetivo de intensificar a ocupação portuguesa em todo território. Um dos motivos foi o Tratado de Santo Ildefonso, imposto pela Espanha a Portugal, que não agradava os rio-grandenses. A tradição guerreira da cidade iniciou-se já em 1827, quando muitos habitantes da Freguesia tomaram parte na campanha da Guerra da Cisplatina. A insegurança na fronteira que se transitava, elegeu Piratini, situada sob a proteção da serra dos Tapes, como local seguro para se viver. As famílias açorianas que migraram construíram boas casas, inclusive palacetes e sobrados até hoje mantidos. Piratini foi instalada a categoria de Vila em 7 de junho de 1832, pelo conselheiro Antônio Rodrigues Fernandes Braga, decorridos 42 anos de sua fundação, sendo eleita e empossada a primeira Câmara Municipal. Dos 40 signatários da ata de fundação registramos entre eles, Bento Gonçalves da Silva. No decorrer do tempo, Piratini se desenvolveu e passou a ser um local estratégico devido principalmente ao seu relevo. Durante a Revolução Farroupilha, Piratini teve um importante destaque no confronto. No dia 20 de setembro de 1835, os farrapos atacam a capital da província, Porto Alegre, destituindo do poder o presidente Antônio Rodrigues Fernandes Braga, que fugiu para Rio Grande. Um grupo de rebeles farroupilhas ocupou Porto Alegre, enquanto outros cem homens deflagravam o movimento na Vila Piratini, comandados pelo capitão de milícia Antônio José de Oliveira Nico e por Domingos de Souza Neto, rendendo e destituindo as autoridades imperiais na cidade. As primeiras colunas de farrapos marcharam pelas ruas estreitas da vila, em 8 de outubro de 1835, sob a aclamação dos piratinienses. Por sua localização estratégica, no alto da Serras do Sudeste, e pela existência de dezenas de prédios próximos para a instalação dos comandos revolucionários, a vila tornou-se o centro de operações do movimento. Em 10 de setembro de 1836, Antônio de Souza Neto, venceu o combate do Seival com sua Divisão Liberal Integrada. No outro dia, em 11 de setembro, Neto apareceu a galope, postou-se ao centro da tropa, ergueu a espada e anunciou a proclamação da República Rio-Grandense. Em 11 de novembro de 1836 foi instalada em Piratini, a capital da República Farroupilha, sendo elevada em 1837, ao título de "Mui Leal e Patriótica Cidade de Nossa Senhora da Conceição de Piratinym". Na Câmara da cidade houve a posse de Bento Gonçalves na Presidência da República Rio-Grandense em 16 de dezembro de 1837. Piratini esteve sede oficial da República Rio-Grandense ou República do Piratini, entre os períodos de 11 de novembro de 1836 e 15 de julho de 1842.
Nos dias atuais Piratini conserva, em suas ruas, os casarões da época do povoamento e da revolução, sendo patrimônio histórico e cultural do Rio Grande do Sul, tais como o Museu Histórico Farroupilha, a Igreja Nossa Senhora da Conceição, o Palácio da República Rio Grandense, o Sobrado da Dorada, a Casa da Camarinha, construções do final do século XVIII até à primeira metade do século século XIX, entre outros.
É considerada, uma das cidades mais importantes do Rio Grande do Sul, por possuir uma significativa concentração de monumentos tombados pelo IPHAN e IPHAE, considerado dessa maneira um dos centros históricos mais completos e homogêneos do Brasil.

Por: Diones Franchi
Jornalista
Mestre em História

Fontes:

- Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre,1981. 12 volumes
- Portal - http://turismopiratini.com.br – Prefeitura de Piratini - RS
- PORTAL - http://www.ahimtb.org.br/piratini.htm
- Piratini- Um Sagrado Símbolo Gaúcho Farrapo - Cel Cláudio Moreira Bento

                                                                 Vista aérea Piratini - RS

                                                                       Piratini - RS


                                                                       Piratini - RS