Piratini é um município
brasileiro localizado no Rio Grande do Sul, sendo destaque no estado por ter
sido a primeira capital farroupilha e também a primeira capital de princípios
republicanos no Brasil. Antes da chegada dos europeus, o
território gaúcho era habitado por povos indígenas, entre eles os índios Tapes
(guaranis) que habitavam a região de Piratini. Sua cultura era baseada na
produção e cultivo da horticultura tecnicamente muito simples. Piratini" ou
"Piratinin" (denominação primitiva) na língua tupi-guarani que
significa "peixe barulhento". A história do município de
Piratini se inicia de fato em 1777, quando os primeiros militares portugueses
instalaram-se às margens do rio Piratini. No entanto a fundação aconteceu, mais
tarde em 6 de julho de 1789, quando chegaram a região 48 casais açorianos. As
terras onde foram colocados os casais faziam parte de uma estratégia de ali
barrar possíveis caminhos de invasão por espanhóis ao Rio Grande do Sul, ao
longo do divisor da serra dos Tapes, a partir de Cerro Largo (atual Mello), e
através do passo Centurión (então Passo Nossa Senhora da Conceição) do rio
Jaguarão. Os casais se estabeleceram em Piratini, de 1789 a 1807, com o
objetivo de intensificar a ocupação portuguesa em todo território. Um dos
motivos foi o Tratado de Santo Ildefonso, imposto pela Espanha a Portugal, que
não agradava os rio-grandenses. A tradição guerreira da cidade
iniciou-se já em 1827, quando muitos habitantes da Freguesia tomaram parte na
campanha da Guerra da Cisplatina. A insegurança na fronteira que se transitava,
elegeu Piratini, situada sob a proteção da serra dos Tapes, como local seguro
para se viver. As famílias açorianas que migraram construíram boas casas,
inclusive palacetes e sobrados até hoje mantidos. Piratini foi instalada a
categoria de Vila em 7 de junho de 1832, pelo conselheiro Antônio Rodrigues
Fernandes Braga, decorridos 42 anos de sua fundação, sendo eleita e empossada a
primeira Câmara Municipal. Dos 40 signatários da ata de fundação registramos
entre eles, Bento Gonçalves da Silva. No decorrer do tempo, Piratini se
desenvolveu e passou a ser um local estratégico devido principalmente ao seu
relevo. Durante a Revolução Farroupilha, Piratini teve um importante destaque
no confronto. No dia 20 de setembro de 1835, os farrapos atacam a capital da
província, Porto Alegre, destituindo do poder o presidente Antônio Rodrigues
Fernandes Braga, que fugiu para Rio Grande. Um grupo de rebeles farroupilhas
ocupou Porto Alegre, enquanto outros cem homens deflagravam o movimento na Vila
Piratini, comandados pelo capitão de milícia Antônio José de Oliveira Nico e
por Domingos de Souza Neto, rendendo e destituindo as autoridades imperiais na
cidade. As primeiras colunas de farrapos marcharam pelas ruas estreitas da
vila, em 8 de outubro de 1835, sob a aclamação dos piratinienses. Por sua
localização estratégica, no alto da Serras do Sudeste, e pela existência de
dezenas de prédios próximos para a instalação dos comandos revolucionários, a
vila tornou-se o centro de operações do movimento. Em 10 de setembro de 1836, Antônio de Souza Neto,
venceu o combate do Seival com sua Divisão Liberal Integrada. No outro dia, em
11 de setembro, Neto apareceu a galope, postou-se ao centro da tropa, ergueu a
espada e anunciou a proclamação da República Rio-Grandense. Em 11 de novembro
de 1836 foi instalada em Piratini, a capital da República Farroupilha, sendo
elevada em 1837, ao título de "Mui Leal e Patriótica Cidade de Nossa
Senhora da Conceição de Piratinym". Na Câmara da cidade houve a posse de
Bento Gonçalves na Presidência da República Rio-Grandense em 16 de dezembro de
1837. Piratini esteve sede oficial da República Rio-Grandense ou República do
Piratini, entre os períodos de 11 de novembro de 1836 e 15 de julho de 1842.
Nos dias atuais Piratini conserva, em suas ruas, os casarões da época do
povoamento e da revolução, sendo patrimônio histórico e cultural do Rio Grande
do Sul, tais como o Museu Histórico Farroupilha, a Igreja Nossa Senhora da
Conceição, o Palácio da República Rio Grandense, o Sobrado da Dorada, a Casa da
Camarinha, construções do final do século XVIII até à primeira metade do século
século XIX, entre outros.
É considerada, uma das cidades mais importantes do Rio Grande do Sul, por
possuir uma significativa concentração de monumentos tombados pelo IPHAN e
IPHAE, considerado dessa maneira um dos centros históricos mais completos e
homogêneos do Brasil.
Por: Diones Franchi
Jornalista
Mestre em História
Fontes:
- Anais do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre,1981. 12
volumes
- Portal - http://turismopiratini.com.br – Prefeitura de Piratini - RS
- PORTAL - http://www.ahimtb.org.br/piratini.htm
- Piratini- Um Sagrado Símbolo Gaúcho Farrapo - Cel Cláudio Moreira Bento
Vista aérea Piratini - RS
Piratini - RS