terça-feira, 5 de janeiro de 2016

“A Noiva de Garibaldi”

Manuela de Paula Ferreira ou Manuela Amália Ferreira era da família de Bento Gonçalves da Silva, o líder da Revolução Farroupilha, sendo sua prima apesar de ser confundida como sobrinha.
sobrinha de Bento Gonçalves da Silva, o líder da Revolução Farroupilha, mas ficou conhecida pela história como a “Noiva de Garibaldi”, por alimentar uma paixão platônica pelo revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, que a citou em suas memórias.
Nasceu em Pelotas em 8 de julho de 1820, era filha de Francisco de Paula Ferreira e Maria Manuela. Seu registro de batismo data de 20 de agosto de 1820, no Bispado de Pelotas.Tornou-se assim uma figura de certa importância durante a Revolução Farroupilha ao ser celebrizada com certa licença poética na memória popular, na literatura e na TV como "a noiva de Garibaldi”. 
Manuela viveu na companhia de seus pais e seus três irmãos em Pelotas até meados de 1835, quando sua família se envolveu num dos fatos históricos mais convulsivos da história do Rio Grande do Sul: A Revolução Farroupilha.
Seus pais assim como a maioria da população da época acabaram ficando do lado dos Farroupilhas.
Em 1835, Manuela, suas irmãs, sua mãe, Dona Cayetanna, e seus filhos estavam morando juntas em Pelotas, e ao saberem do início da Revolução, decidiram fugir, uma vez que a cidade se manteve fiel ao Império durante toda Revolução.
O lugar escolhido para refugiarem-se foi a Estância da Barra, de propriedade de Dona Anna Joaquina Gonçalves da Silva, irmã do General Bento Gonçalves, ás margens do Rio Camaquã, sendo um local de difícil acesso.
Viveram todas em total isolamento durante a Revolução, sabendo do que se passava somente por meio de cartas, mascates que pernoitava na Estância, ou quando seus parentes vinham até a propriedade.
Manuela teria tido um breve relacionamento com Giuseppe Garibaldi e teriam tornado-se noivos secretamente, pois a família de Manuela não achava que Garibaldi fosse ser um bom marido, e que ele não tinha recursos para dar uma boa vida para Manuela. Os dois mesmo sabendo da oposição da família planejaram-se casar secretamente e fugir, mas Bento Gonçalves tinha antes uma missão para Garibaldi em Laguna no estado de Santa Catarina. Foi na localidade catarinense que Garibaldi conheceu Ana Maria de Jesus Ribeiro, chamava logo depois de Anita Garibaldi. 
Manuela ainda tinha esperanças de que Garibaldi voltasse, pois Anita era casada. Mas logo veio a notícia de que Anita estava grávida, e esse era a única circunstância que faria com que Manuela desistisse de Garibaldi.
Logo assim que nasceu seu filho Menotti, Garibaldi decidiu ir embora do Rio Grande do Sul, pois sabia que a guerra já estava perdida. Em 1849, Anita morreu aos 28 anos na Itália lutando pela unificação italiana, ao lado de Garibaldi. 
Manuela, ao saber dessa notícia, ficava todos os dias à espera de Garibaldi. Seus familiares julgavam que ela estava louca, assim como a sua irmã Rosário que havia enlouquecido de amores por um oficial caramuru, que havia conhecido em Pelotas, e que havia morrido. 
Garibaldi nunca foi ao seu encontro de Manuela, que mesmo assim nunca desistiu e morreu a espera do homem de seus sonhos.
No entanto, essas informações não são comprovadas, podendo não passar de mitos e conjecturas sobre o nome de Manuela, uma vez que é certa sua paixão por Garibaldi, mas não há nenhum indício que foi correspondida. 
A cronologia militar da Revolução Farroupilha registra que, em 17 de abril de 1839, Garibaldi dedicava-se a montar um estaleiro às margens do rio Camaquã, na estância de dona Ana, irmã de Bento Gonçalves, quando foi atacado de surpresa por uma força legalista de 150 homens, sob o comando de Moringue. Ele consegue mesmo assim desvencilhar-se da armadilha; contando com o auxílio de mais 11 companheiros, de início eram apenas ele e o cozinheiro da estância. Devido a sua astúcia e coragem derrotaram o adversário, e no mesmo dia Garibaldi comunicou o fato, com detalhes, ao comando superior. Ele destaca, no relatório, que cabia "toda a glória aos 11 bravos de que acima fiz menção, cujos nomes levarei à presença do governo, para que sejam devidamente premiados."
Muito anos depois nas suas Memórias, o italiano Garibaldi, célebre "herói de dois mundos", acrescenta ao episódio uma observação particular, uma pequena nota íntima, uma curta confissão. Diz assim: "Nós celebrávamos a vitória, gozando o fato de ter sido salvos de uma tempestade. Na sede da estância, a 12 milhas, uma virgem empalidecia e rezava pela minha vida; mais doce do que a vitória, me surpreendia à notícia. Sim, belíssima filha do Continente, eu era orgulhoso e feliz de te pertencer, fosse como fosse: tu, destinada a ser mulher de outro! A mim, a sorte reservava outra brasileira”. Portanto, não era de Ana de Jesus Ribeiro, a Anita, que ele relatava, pois ele só conhecerá sua famosa e brava companheira três ou quatro meses depois, não se sabe em que data na província de Santa Catarina. Tampouco se Anita era virgem: o mais provável que não, pois em 1839 já estava casada, há quatro anos desde os 15, com Manuel Duarte de Aguiar, mais conhecido em Laguna como Manuel dos Cachorros.
Essa, a belíssima filha do Continente, Garibaldi conheceu, no início do ano, na própria estância da família de Bento Gonçalves. Era a sobrinha do então presidente da República Rio-Grandense, filha de outra das suas irmãs, dona Maria Manuela. Garibaldi mesmo é que afirma, em outra passagem das Memórias, que na estância de dona Ana havia três moças, "uma mais graciosa do que a outra" na verdade três irmãs; no entanto, "uma delas, Manuela, dominava absolutamente a minha alma. Não deixei de amá-la, embora sem esperança, porque estava prometida a um filho do presidente".
Desde 1973, graças às pesquisas do historiador italiano Salvatore Candido, duas cartas dirigidas por Luigi Rosseti a Giovanni Battista Cuneo. Em 19 de janeiro de 1839 (meses antes do episódio mencionado neste primeiro parágrafo), informa o remetente: "Garibaldi esteve extremamente doente. Mas restabeleceu-se e ameaça se casar. Escreveu-me pedindo que eu lhe sirva de mentor. Imagine se o farei." Outra carta em 7 de fevereiro, retoma o assunto: "Garibaldi está apaixonado e ameaça se casar. Mas não vai fazê-lo, de jeito nenhum. Ele me prometeu."
De um lado, temos o depoimento de Rosseti, considerando-se responsável pela desistência de Garibaldi, certamente por não confiar na estabilidade do seu compatriota no que dizia respeito aos assuntos do coração; de outro, o depoimento do próprio Garibaldi, segundo o qual fora o presidente dos farrapos quem fizera naufragar o casamento, ao garantir-lhe que a moça estava já comprometida. 
O jornalista Paulo Markun, um dos biógrafos de Garibaldi, quanto ao segundo aspecto conclui e que pode-se entender que com toda a razão: "Era mentira. O presidente recebia o italiano em sua casa, mas no fundo achava-o um aventureiro e inventou o tal compromisso." Manuela Amália Ferreira, a virgem que empalidecera e rezara enquanto Giuseppe Garibaldi combatia, com uma dezena de companheiros, uma centena e meia de adversários, encontrava-se, em 1839, temporariamente na estância da sua tia Ana, em Camaquã, porque Pelotas, estava ocupada pelos legalistas e como em outras diversas ocasiões, durante a Revolução Farroupilha. 
Embora "destinada a ser mulher de outro”, Manuela essa loira, de grandes olhos azuis, conforme Fernando Osorio, relata em Mulheres farroupilhas), morreu solteira em Pelotas aos 82 anos de idade, no dia 26 de janeiro de 1903,de fraqueza do coração, em sua residência na Rua Marechal Deodoro.
Diz-se que guardou consigo, para sempre, cartas e poemas do europeu ilustre por quem fora sinceramente apaixonada. Enquanto viveu , até o início do século 20, era conhecida de todos os pelotenses como simplesmente "A Noiva de Garibaldi".


Manoela foi  mencionada nas Memórias de Garibaldi, escrito por Alexandre Dumas. É personagem nas obras: Garibaldi & Manuela de Josué Guimarães, Os Varões Assinalados de Tabajara Ruas,  A Casa das Sete Mulheres de Letícia Wierzchowski e Um Farol no Pampa, também de Letícia Wierzchowski. Foi também retratada, na minissérie da TV Globo, A Casa das Sete Mulheres, baseada no livro do mesmo nome, onde foi protagonista. 


Manoela citou, porém, a história farroupilha a qual viveu do início ao fim. Seu corpo encontrava-se sepultado na cidade de Pelotas porém há alguns anos atrás foi exumado e incinerado, já que a família não quis pagar para manter a sepultura dela.