terça-feira, 19 de setembro de 2023

As capitais farroupilhas

A guerra dos Farrapos tomou outro curso, a partir da Proclamação da República Rio-Grandense em 11 de setembro de 1836. Com este acontecimento, procurando evitar que os guardas nacionais e os moderados monarquistas abandonassem a revolução, os farrapos ofereceram ao comandante Bento Gonçalves a presidência da República.
O futuro presidente da República Rio-Grandense estava acampado em Viamão, mas ao atravessar o rio Jacuí foi preso no combate da ilha do Fanfa.
Os moderados, impediram que Paulino da Fontoura, chefe da facção farroupilha, eleito vice-presidente, assumisse a presidência enquanto Bento Gonçalves estava preso. Dessa maneira, elegeram como presidente provisório José Gomes de Vasconcelos Jardim.
Os farrapos fundaram uma república separatista que adotou uma nova bandeira, escudo de armas e hino nacional. Concedeu cidadania e considerou os brasileiros de outras províncias como estrangeiros, manteve representantes diplomáticos no Prata e os líderes escreviam em suas cartas que haviam fundado uma nova nação. Pela primeira vez em território brasileiro, funcionou um Estado republicano com presidente, ministros, coletorias, serviço de correio, Exército, leis próprias e com um projeto de constituição liberal.
Durante a Revolução Farroupilha, a República Rio-Grandense teve 3 capitais oficiais além de capitais temporárias.
Em 10 de novembro de 1836, Piratini foi eleita a primeira sede e capital dos farrapos, sendo após, elevada a município. No dia 20 de novembro de 1837, chega a Piratini o então General Bento Gonçalves da Silva, que conseguira livrar-se das prisões da Regência, sendo que em 16 de dezembro, em Sessão Extraordinária da Câmara Municipal, é conduzido ao supremo poder da República, conforme se acha registrado no Livro de Atas n° 02 da citada Câmara.
Em 1838, por iniciativa de Domingos José de Almeida e Luigi Rossetti, foi criado o órgão oficial da República, o jornal "O Povo", sendo a tipografia e redação instaladas no prédio onde residiam Rossetti e Giuseppe Garibaldi.
As ocorrências da guerra fizeram com que a 9 de janeiro de 1839, se deliberasse a mudança da capital para um ponto mais central, sendo designada a Vila de Caçapava para sediar o governo da República.
Piratini foi capital da República e sede do governo farrapo até 14 de fevereiro de 1839.
A tomada de Caçapava pelos imperiais em 21 de março de 1840, obriga o governo a se retirar da vila, para logo retornar e ver os prejuízos causados pelo invasor. Isso faz com que os farrapos comecem a correr mais riscos, com o avanço dos imperiais na região.
Até 23 de março de 1840, a capital permaneceu em Caçapava, mas a partir de então, a sede do governo, passou a ser o lugar onde estava o Tesouro. Por algum tempo a capital farroupilha ficou ambulante, voltou para Piratini, onde esteve em diversos pontos da república até chegar em São Gabriel.
Nos primeiros dias do mês de agosto de 1841, a capital ficou em Bagé, onde Domingos José de Almeida, no Ministério da Fazenda, passa a tomar as providências para reorganizar o que se havia extraviado e perdido nessas andanças. A capital provisória em Bagé, foi do período de agosto de 1841 até abril de 1842.
Bagé ficou capital, devido a ocupação de São Borja pelos imperiais, fazendo com que Alegrete naquele momento, não oferecesse as condições de segurança adequada.
Em junho de 1842, a capital da República Rio-Grandense se instalou em Alegrete, até o fim da revolução em 1845.
Oficialmente existem três capitais farroupilhas que são Piratini, Caçapava e Alegrete, sendo Bagé e São Gabriel consideradas capitais transitórias.
As mudanças de capitais sempre se deram pelo avanço imperial e também como medida estratégica nos planos da República.
No dia 25 de fevereiro de 1845, quando todos os exércitos se concentraram nas proximidades de Ponche Verde, foram assinadas as atas que encerravam a mais duradoura revolução civil do Brasil.
A sede atual do governo do estado do Rio Grande do Sul, é chamada de Palácio Piratini, em homenagem a primeira capital farroupilha.
É preciso afirmar que todas as capitais farroupilhas, ficaram marcadas historicamente, cultuando em seus traços as raízes sul-rio-grandenses.

Por: Diones Franchi
Jornalista e Mestre em História

Referências:

FLORES, Moacyr. História do Rio Grande do Sul, 1985
SPALDING, Walter. A revolução farroupilha. Enciclopédia Rio-grandense, 1956

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Piratini Antigo - Palácio do Governo da República Rio-grandense