segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Tarrã

A Tachã ou Tarrã é uma ave da família Anhimidae, muito conhecida e presente no Rio Grande do Sul sendo também conhecido em outras regiões por outros nomes, como inhuma-poca, anhumapoca, anhupoca, chajá, anhuma-do-pantanal ou tachã-do-sul.
O nome anhuma é pantaneiro, sendo também usado para uma outra espécie da mesma família, habitante da mata amazônica e matas densas do Centro-oeste (nunca foi detectada no Pantanal, mas ocorre no alto rio Paraguai).
Seu nome cientifico significa do (grego) khaunos = esponjoso, rugoso, poroso, referente aos sacos de ar sob a pele das aves gritadoras; e do (latim) torquata, torquatus = colarinho, colar - Pássaro com colar de pele rugosa.
É uma ave corpulenta, com patas grandes e cabeça desproporcionalmente pequena, bico pequeno e topetuda sendo sua coloração pardo-acinzentada escura, com algumas manchas brancas. O pescoço é contornado por uma gola negra realçada por uma segunda penugem branca. A face superior da asa é negra, com grande área branca visível durante o voo, e a face inferior da asa é totalmente branca.
As fêmeas são menores que os machos. As patas são curtas e fortes e os três dedos da frente estão unidos por uma membrana interdigital rudimentar. Sua altura média é de 85 cm e peso em torno de 4kg.
O Tarrã é um grande habitante dos brejos, com formato e características únicas. O corpo, pernas e pés são enormes em relação à cabeça, pequena e com um penacho na nuca. Em voo, mostra uma grande área branca sob a asa. Possui um esporão vermelho no cotovelo da asa, visível quando está pousada ou voando. Apesar do aspecto agressivo, não é usado como arma de ataque, servindo para comunicação entre as tachãs.
Destaca-se pelo chamado alto, feito por um indivíduo ou pelo casal, em dueto. Pode gritar a qualquer momento do dia, avisando sobre sua presença ou de intrusos, atraindo a raiva dos caçadores, ao espantar a presa. Esse chamado é mais grave no macho do que na fêmea, está mais esganiçada, e é interpretado como dizendo “tachã”.
Alimenta-se, principalmente, de folhas de plantas aquáticas, apanhadas enquanto caminha pelo brejo ou nas margens, assim como insetos e moluscos. Mas também caminha pelo campo do pampa para se alimentar.
São aves típicas de ecossistemas alagados, como brejos e lagos, sendo nativa do Pantanal, dos Pampas e dos Chacos Bolivianos. No Cerrado, pode ser vista em veredas, campos úmidos, e ocasionalmente matas de galeria próximos a esses biomas. É onívora, porém se alimenta principalmente de matéria vegetal, como sementes, folhas, raízes e brotos de plantas aquáticas, além de moluscos e insetos. Sua vocalização é um chamado alto que pode ser ouvido à distância, usado para avisar sua presença ou a de intrusos. É monogâmica e territorialista durante a estação reprodutiva, fazendo grandes ninhos com folhas emaranhadas sobre a vegetação acima da água.
Sua distribuição se estende do norte da Bolívia e extremo leste do Peru ao centro da Argentina, abrangendo o Paraguai, Uruguai, e o Brasil nos estados de Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e principalmente o Rio Grande do Sul.
O Tarrã é uma das principais aves do Rio Grande do Sul, sendo muito comum nas terras gaúchas.

Por: Diones Franchi
Jornalista e Mestre em História
Referências:

Gomes, Wagner. Lista das espécies de aves brasileiras com tamanhos de anilha.
 
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