Como era a cédula:
Uma possível lenda:
Raul Pilla
Jornalista e Mestre em História
O Memórias do Pampa é um projeto que visa divulgar a história e cultura do Rio Grande do Sul.
Os Sete Povos das
Missões foi o nome dado aos sete aldeamentos indígenas fundado pelos
Jesuítas espanhóis na Região do "Rio Grande de São Pedro", (Rio
Grande do Sul). Era composto pelas reduções de São Francisco de Borja, São
Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz
Gonzaga e Santo Ângelo Custódio. Os Sete Povos também eram conhecidos como Missões
Orientais, por estarem localizados a leste do Rio Uruguai. As missões,
também chamadas de reduções, foram fundadas e organizadas por padres da
Companhia de Jesus. Os jesuítas chegaram à região com o objetivo de catequizar
e "civilizar" sob a autoridade espanhola. Os conflitos eram
marcados pela destruição das missões e pelos primeiros êxodos dos guarani. Nos
períodos de paz, os indígenas retornavam ao local de origem com o apoio dos
jesuítas
A origem
A fundação da
Colônia do Sacramento no Rio da Prata provocou a reação do governo espanhol.
Para evitar o avanço dos portugueses pelo litoral sul, a colonização espanhola
foi realizada por povoados. Por falta de homens brancos, o governo espanhol
recrutou índios cristãos, se tornando súditos do rei. Assim em 1682, se criou a
primeira redução de São Francisco de Borja e logo depois as demais, totalizando
Sete povoados.
A organização
Os Sete Povos eram organizados com uma praça central, tendo em sua volta diferentes edificações. A praça era um espaço cívico-religioso com uma cruz latina em cada canto, com um padroeiro do povoado.Em um dos lados da praça eram construídos a igreja, residência dos padres, colégio, oficina, cemitério, cotiguaçu (casa grande com vários aposentos) e horta. Na igreja não existiam bancos e os homens ficavam de um lado e as mulheres de um outro. No cemitério havia uma pequena capela e túmulos onde os índios eram enterrados de forma cristã. As habitações abrigavam índios do mesmo clã, onde cada bloco era dividido em vários cômodos, sob responsabilidade de um cacique. A gestão governamental das missões obedecia à organização das cidades espanholas. Cada uma possuía um chefe superior e havia prefeitos e vereadores. Ambos formavam um conselho. Todos os cargos eram exercidos por indígenas. O objetivo dos padres jesuítas era reunir os indígenas e educá-los de acordo com os princípios da cultura cristã ocidental. Foi também criada oficinas de artesãos, carpinteiros, escultores e fabricantes de instrumentos musicais. Na maioria das Missões surgia uma organização social, comercial, cultural e mesmo militar que mostrava a plena capacidade de desenvolvimento dos indígenas ‘descobertos’ pelos europeus. Cada povoado possuía a sua plantação de erva mate para a comunidade e também a criação de bovinos. A Coroa portuguesa permitia a escravidão indígena, enquanto o Império espanhol os tornava automaticamente súditos do rei. As missões foram constantemente atacadas por bandeirantes em busca de escravos para as colônias. Os Sete Povos das Missões comportou 30 mil habitantes. Todos eram indígenas, e os padres espanhóis seus principais administradores. O modelo inicial de catequização e de criação das Missões Jesuíticas somente foi encontrar maior sucesso em meados do século XVII, e cresceu bastante a ponto de virar um entrave para a expansão dos colonizadores europeus.
O fim
No século XVIII, a
região estava sob disputa entre Espanha e Portugal. O Tratado de Madri de
1750 estabelecia que a região dos Sete Povos das Missões fosse entregue a
Portugal, e em troca disso a Espanha ficaria com a Colônia do
Sacramento saindo os Jesuítas espanhóis. Mas este Tratado gerou conflitos:
pois nem padres nem índios queriam abandonar suas reduções, e nem os
portugueses queriam abandonar o Sacramento. Houve uma série de confrontos
armados que culminaram na Guerra Guaranítica, que deixou um rastro de
destruição e sangue que abalou as estruturas do sistema
missioneiro. Acredita-se que 20 mil indígenas morreram. Logo depois
veio o fim: com a intensa campanha difamatória que os Jesuítas sofreram a
partir de meados do século XVIII, a Companhia de Jesus foi expulsa de
terras portuguesas em 1759, e em 1767 a Espanha fez o mesmo. No ano seguinte
todas as reduções foram esvaziadas, com a retirada final dos Jesuítas. Então
suas terras foram apossadas pelos espanhóis e os índios foram subjugados ou
dispersos. Quando em 1801 eclodiu a nova guerra entre Portugal e
Espanha, os Sete Povos já estavam em tal estado de desintegração que com apenas
40 homens Manuel dos Santos Pedroso e José Borges de Canto conseguiram
conquistá-los para Portugal, embora pareça ter havido a participação indígena
como facilitadora da tomada de posse. Depois disso Portugal anexou o
território ao Rio Grande do Sul, instalando um governo militar. Atualmente, dos
Sete Povos existem as Ruínas de São Miguel das Missões e de São Nicolau, além
das cidades de Santo Ângelo, São Luiz Gonzaga e São Borja que ainda guardam
suas particularidades dentro da história e preservam a cultura gaúcha e
missioneira.
Por: Diones Franchi
Jornalista e mestre em
história
Referências:
FLORES, Moacyr.
História do Rio Grande do Sul, 1985
GARCIA, Elisa
Frühauf. A "conquista" dos Sete Povos das Missões: de "ato
heróico" dos luso-brasileiros a campanha negociada com os índios
O dialeto gaúcho, também conhecido como dialeto guasca, é um dialeto português falado no Rio Grande do Sul e em algumas outras partes do Brasil, onde exista uma presença de população de gaúchos. É fortemente influenciado pelo espanhol devido a colonização espanhola, tendo influência do guarani e de outras línguas indígenas, possuindo diferenças léxicas e semânticas em relação ao português padrão. Na fronteira com o Uruguai e Argentina a influência castelhana se acentua, enquanto que regiões colonizadas por alemães e italianos mantém as respectivas influências. Vale ressaltar que assim como no Brasil, existem no Uruguai e na Argentina os gaúchos, conhecidos como o termo “gaucho”. Algumas palavras de origem africana e até mesmo da língua inca também podem ser encontradas. Foi publicado um dicionário "gaúcho-brasileiro" por Batista Bossie, listando as expressões regionais e seus equivalentes na norma culta.
Tchê
O gaúcho e seu vocabulário
Rio Grande do Sul