sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O primeiro general da Republica Rio-Grandense

Por: Diones Franchi

A Revolução Farroupilha foi um marco na história do Rio Grande do Sul, disso não há dúvidas. Mas quando denominamos os personagens da revolução certamente lembremo-nos de Bento Gonçalves, David Canabarro, Garibaldi, Teixeira Nunes entre outros e talvez nos esqueçamos de seu primeiro general.
João Manuel de Lima e Silva foi o primeiro comandante do exército farrapo, sendo considerado desta maneira, o primeiro general da República Rio- Grandense.
Nasceu no Rio de Janeiro no ano de 1805. Era proveniente de uma tradicional família de militares, sendo tio de Duque de Caxias, apesar de ser dois anos mais jovem.
Casou-se com Maria Joaquina, irmã do também farroupilha coronel José de Almeida Corte Real.
Estudou na Academia Real Militar e lutou na Bahia na Guerra da Independência como soldado de infantaria.
Como Major foi enviado para o Rio Grande do Sul em 1828 para comandar o 28° Batalhão de Caçadores Alemães, parte do Corpo de Estrangeiros. Em 1830 foi investigado como conspirador de um golpe republicano.
Colaborou com o irmão, general Francisco de Lima e Silva, Regente do Império, nos acontecimentos políticos que resultaram na abdicação de Dom Pedro I em 7 de abril de 1831.
Em 1834, foi denunciado como rebelde e acusado de manter entendimentos secretos com Juan Antonio Lavalleja para a separação do Rio Grande do Sul, onde foi chamado à Corte, junto com Bento Gonçalves.
Em 1835 era coronel comandante de um quartel em Porto Alegre quando a Revolução Farroupilha estourou.
Em dezembro de 1835, quando Bento Manuel Ribeiro aderiu aos imperiais, assumiu o comando militar dos republicanos sendo para isso promovido a general, e com isso considerado o primeiro general do exército farroupilha.
João Manuel foi fundamental nos primeiros meses da Revolução, pela organização do exército rebelde, aproveitando sua experiência de Academia Militar.
Derrotou Bento Manoel Ribeiro e tomou Pelotas no combate do Passo dos Negros, em 2 de junho de 1836. Ferido recuperou-se na casa de Domingos José de Almeida, às margens do Arroio Pelotas. Em 1° de novembro do mesmo ano assume como comandante chefe dos exércitos da República.
Foi o principal promotor do alistamento dos libertos, mestiços errantes e escravos no exército republicano que estava se formando. Alguns meses antes de sua vitória em Pelotas, ele havia organizado alforriados numa unidade de infantaria. No dia 12 de setembro de 1836, às vésperas da Batalha do Seival, foi constituído o 1º Corpo de Cavalaria de Lanceiros Negros, com mais de 400 homens, que teve importante papel na vitória sobre o exército imperial.
Assinou a carta de corso que dava poderes a Giuseppe Garibaldi de atacar e prender qualquer navio de guerra ou mercantil do governo brasileiro e de seus súditos.
Em 5 de julho de 1837, auxiliado por uma tropa de 260 uruguaios, partidários de Fructuoso Rivera, derrotou, no Botuí, em São Borja, a força imperial do coronel Manuel dos Santos Loureiro. Fustigados novamente em Itaquera, os imperiais se refugiam na Argentina, de onde retornam em dois bandos de 20 homens. Em uma operação de guerrilha, comandada pelo cabo Roque Faustino, é aprisionado em São Luís das Missões, enquanto organizava a defesa das Missões, em 16 de agosto.
Seu fim foi trágico com apenas 32 anos, no dia 29 de agosto de 1837, João Manuel saiu de uma festa de batizado no interior de São Borja e relaxou a segurança. Foi tocaiado e assassinado por Roque Faustino e seu bando. Faustino foi identificado mais tarde por usar os arreios de prata e o poncho do general.
Seu corpo depois foi exumado e sepultado com toda a pompa em Caçapava do Sul, incluindo tochas e desfile de 35 virgens. Em 1840 o túmulo foi destruído por imperiais e seus ossos espalhados pelos campos. Tempo depois outro monumento foi construído em honra do herói farroupilha, que fez parte dos ideais republicanos que um dia tanto sonhou.

Fontes:

História Ilustrada do Rio Grande do Sul – RBS Publicações, 2004
PALDING, Walter. A revolução farroupilha in: Enciclopédia Rio-grandense, Editora Regional, Canoas, 1956


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