terça-feira, 5 de agosto de 2025

As embarcações farroupilhas – Travessia dos lanchões

Na Revolução Farroupilha, os farrapos utilizaram diversas embarcações, sendo as mais conhecidas a "Seival" e a "Farroupilha". Não há um número exato de embarcações, pois outras foram utilizadas em momentos diferentes da guerra.
A mais importante foi a Travessia dos lanchões, que consistiu na rota das duas famosas embarcações, construídas pelos farrapos.
As embarcações foram construídas na barra do Camaquã, sendo idealizado um plano para o transporte terrestre dos lanchões.
Durante o trajeto, foram utilizadas carretas de rodas grandes, com eixos duplos, que eram capaz de suportar o peso das embarcações, para contornar a barra da Lagoa dos Patos e chegar ao porto de Laguna, em Santa Catarina, pelo exército farroupilha, resultando na proclamação da República Juliana.
As embarcações farroupilhas Seival e Farroupilha, eram equipadas com canhões, essenciais para o plano de Garibaldi, tendo a barra da Lagoa dos Patos como um obstáculo natural, com águas turbulentas, o que tornava a navegação arriscada.
O nome Seival era a alusão à vitória na Batalha do Seival, em data anterior à fabricação do barco e o nome Farroupilha era denominado em referência a revolução.
As embarcações foram conduzida por terra, sobre rodas e puxada por juntas de bois, e por água, aproveitando o sistema lacustre costeiro dos estados do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina.
O lanchão o Farroupilha seguia o Seival, mas afundou. Ambos os lanchões foram construídos para a tomada da cidade de Laguna, que constituía um porto marítimo necessário aos farrapos, pela impossibilidade técnica da conquista do porto de Rio Grande, fortemente defendido pelos imperiais.
Os lanchões Seival e Farroupilha cortaram as águas da Lagoa dos Patos, fustigados pela retaguarda por John Grenfell, comandante da Marinha Imperial na província do Rio Grande do Sul. Fugindo e despistando, os farrapos conseguem enveredar pelo estreito do rio Capivari, iniciando o caminho por terra. Ainda aí passariam por duras provações, pois era inverno, mau tempo com chuvas e ventos, tornando o chão um grande lodaçal.
Em 14 de julho de 1839 os lanchões rumaram para Laguna, sob o comando geral de David Canabarro.
O Seival era comandado pelo americano John Griggs, conhecido como "João Grandão", e o Farroupilha II por Giuseppe Garibaldi. Na costa de Santa Catarina, próximo ao rio Araranguá, uma tempestade, faz com que o Farroupilha, naufragasse salvando-se uns poucos farrapos entre eles o próprio Garibaldi.
Finalmente os farrapos atacam por terra, com as forças de David Canabarro, e por água. O Seival entra em Laguna através da Lagoa de Garopaba do Sul, atravessando a Barra do Camacho, na atual cidade de Jaguaruna, passando pelo rio Tubarão e atacando Laguna por trás, surpreendendo os imperiais, que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa. Garibaldi, com o Seival, toma Laguna no dia 22 de julho de 1839. A 29 deste mês proclamou-se a República Juliana, já que não havia contiguidade territorial com a República Rio-Grandense, para a preservação do porto em mãos republicanas.
O Farroupilha também conhecido como Farroupilha II, teve um fato curioso em relação ao local de seu naufrágio. Como a única referência descrita na época dava conta da região entre a barra do Camacho e a barra do Rio Araranguá, não se sabendo ao certo o verdadeiro local. Alguns estudos feitos anos depois, baseados em relatos da época dos próprios tripulantes sobreviventes, dão conta que o local seria a faixa litorânea entre os balneários Campo Bom e Esplanada, ambos no município de Jaguaruna.
A travessia ocorreu por terra, possivelmente utilizando estradas ou caminhos improvisados, contornando a barra e levando os barcos até Laguna.
A chegada dos lanchões a Laguna permitiu a tomada do porto e a proclamação da República Juliana, um estado revolucionário com ideais republicanos e separatistas.
A travessia dos lanchões foi um feito notável, demonstrando a engenhosidade e determinação de Garibaldi e dos farrapos na busca por seus objetivos durante a Revolução Farroupilha.


Por: Diones Franchi
Jornalista e mestre em história

Referências:

DUMAS, Alexandre, Memórias de Garibaldi, Editora L&PM, Porto Alegre, 2000,
Guerra dos Farrapos. O atalho dos farroupilhas para o mar. Battlefield Brasil.
Travessia dos Lanchóes. Consultado em 3 de agosto de 2025.
URBIN, Carlos. Os Farrapos, 2001








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