quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A 1ª Carta dos farroupilhas ao Império

A Revolução Farroupilha, ou Guerra dos Farrapos, como também ficou conhecida, foi motivada por diversos fatores, incluindo o alto preço de impostos sobre produtos produzidos na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Insatisfeitos pelas cobranças indevidas e pelos presidentes da província não serem gaúchos e desse modo não importarem-se com o futuro do Rio Grande do Sul, um grupo de estancieiros optou pelo ato que daria início a Revolução.
Cerca de 200 homens comandados por Bento Gonçalves da Silva, Onófre Pires e José Gomes de Vasconcelos Jardim rumaram de Pedras Brancas (atual município de Guaíba) em direção a Porto Alegre, tomando a cidade. Bento Gonçalves e Gomes Jardim entraram triunfantes em Porto Alegre, após o presidente da província, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, fugir de navio para Rio Grande
O que muitos não sabem é que o real motivo da tomada da capital não era a formação de um novo país, mas sim que o Império respeitasse e desse valor ao Rio Grande do Sul.
Essa posição fica evidenciada numa carta enviada por Bento Gonçalves ao regente do Império, Diogo Feijó, no qual ele esclarece que depôs o presidente Fernandes Braga e conclama condições mais dignadas para o Rio Grande do Sul.
A carta
"Senhor. Em nome do povo do Rio Grande, depus o governador Braga e entreguei o governo ao seu substituto legal, Marciano Ribeiro. E, em nome do Rio Grande, eu lhe digo que, nesta província extrema, afastada dos corrilhos e conveniências da Corte, dos rapapés e salamaleques, não toleramos imposições humilhantes, nem insultos de qualquer espécie. O pampeiro destas paragens tempera o sangue rio-grandense de modo diferente de certa gente que por aí.
Nós, rio-grandenses, preferimos a morte, no campo áspero da batalha, às humilhações nas saias blandiciosas do Paço do Rio de Janeiro. O Rio Grande é a sentinela do Brasil, que olha vigilante para o Rio da Prata. Merece, pois, mais consideração e respeito. Não pode nem deve ser oprimido por déspotas de fancaria.
Exigimos que o governo imperial nos dê um governador de nossa confiança, que olhe pelos nossos interesses, pelo nosso progresso, pela nossa dignidade, ou nos separaremos do centro e, com a espada na mão, saberemos morrer com honra ou viver com liberdade.
É preciso que V.S. saiba, Sr. Regente, que é obra difícil, senão impossível, escravizar o Rio Grande, impondo-lhe governadores despóticos e tirânicos. Em nome do Rio Grande, como brasileiro, eu lhe digo, Sr. Regente, reflita bem, antes de responder, porque da sua resposta depende talvez o sossego do Brasil. Dela resultará a satisfação dos justos desejos de um punhado de brasileiros que defendeu, contra a veracidade espanhola, uma nesga fecunda da pátria, e dela também poderá resultar uma província ou a formação de um Estado novo dentro do Brasil". Bento Gonçalves
Contudo, a resposta do Império foram atos de represália aos farrapos, que decidiram seguir a Revolução Farroupilha.
Fonte:
História do Rio Grande do Sul - RBS

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário