terça-feira, 17 de novembro de 2015

A cultura do chimarrão

O chimarrão ou mate é a tradicional bebida do Rio Grande do Sul, que se caracteriza como um símbolo da hospitalidade do gaúcho. É a marca registrada do estado. É de conhecimento de todos os gaúchos que o típico chimarrão é composto por uma cuia de porongo, uma bomba, espécie de canudo metálico, erva-mate moída e água morna. O costume de tomar chimarrão é hoje, comum no meio rural e também no urbano. O mate faz parte da vida do gaúcho desde o amanhecer até a noite, quando encerra suas atividades diárias. O termo mate é mais utilizado nos países de língua castelhana. O termo "chimarrão" é o adotado no Brasil, oriunda da palavra castelhana cimarrón, que significava, o gado selvagem que habitava a região do pampa e também o cão sem dono, bravio, que se alimentava de animais que caçava. O chimarrão chegou a ser proibido no sul do Brasil durante o século XVI, sendo considerada "erva do diabo" pelos padres jesuítas das reduções do Guairá. A partir do século XVII, os próprios sacerdotes passaram a incentivar seu uso com o objetivo de afastar as pessoas do álcool. A história do chimarrão provém das culturas indígenas quíchuas, aimarás e guaranis da região do Guaíra no Paraguai. Além da influência indígena, sua difusão se deve também, pela geografia do Rio Grande do Sul. O uso desta planta como bebida tônica e estimulante já era conhecida pelos aborígines da América do Sul. Nos túmulos dos pré-colombianos no Peru, foram encontradas folhas de erva mate ao lado de alimentos e objetos, demonstrando o seu uso pelos incas. O cultivo em grande escala da erva mate começou através dos soldados espanhóis em 1536, quando chegaram à foz do Rio Paraguai. No local, impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina, Assunción del Paraguay. Os desbravadores, nômades por natureza, com saudades de casa e longe de suas mulheres, estavam acostumados a grandes bebedeiras, que muitas vezes duravam a noite toda. No dia seguinte, acordavam com uma ressaca proporcional. Os soldados observaram que tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios guarani, o dia seguinte ficava bem melhor e a ressaca sumia por completo. Os índios guarani começam a influenciar os espanhóis no hábito de beber erva- mate, chamada também de "Ilex Paraguariensis". Assim, o chimarrão começou a ser transportado pelo Rio Grande do Sul na garupa dos soldados espanhóis. As margens do rio Paraguai em uma floresta coletavam taquaras, que eram cortadas pelos soldados na forma de copo. A bomba de chimarrão que se conhece hoje também era feita com um pequeno cano dessas taquaras, com alguns furos na parte inferior e aberta em cima. Mas o homem branco, ao chegar ao pago gaúcho, também encontrou o índio guarani tomando o chá, em porongo, bebendo o CAÁ-Y mate em guarani, através do TACUAPI, uma bomba de taquara. Podemos dizer, que o chimarrão é o aconchego do gaúcho, é o espírito democrático, é o costume que permanece, de mão em mão, mantendo acesa a chama da tradição e da união, que habita os ranchos, os galpões dos mais longínquos rincões do pago dos pampas. O mate é a voz quíchua, que designa a cuia, isto é, o recipiente para a infusão da erva. Atualmente, por extensão, passou a designar o conjunto da cuia, erva-mate e bomba, isto é, o mate pronto. O homem do campo passou o hábito para a cidade, até consagrá-lo regional. O chimarrão é um hábito, uma tradição, uma raiz cultural espontânea. A erva-mate é uma árvore da família das aquifoliáceas originária da América do Sul, presente no sul do Brasil, norte da Argentina, Paraguai e Uruguai. Os indígenas fizeram de seu hábito de beber infusões com suas folhas, o surgimento do chimarrão. Diones Franchi Jornalista

 

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