Ilha das Pedras Brancas, também conhecida como Ilha do Presidio e Ilha da Pólvora, é uma ilha situada no Lago Guaíba no Rio Grande do Sul. Pertence ao município de Porto Alegre, mas o município de Guaíba possui a concessão para administrá-la desde 2012.
Hoje em dia abandonada, a ilha já foi ponto estratégico dos Farrapos, depósito de pólvora, laboratório de pesquisa da peste suína, e também prisão.
Primeiramente serviu de ponto de observação das tropas imperiais e dos farrapos na Guerra dos Farrapos (1835-1845).
Foi em Pedras Brancas, em 1835, que começou os desentendimentos entre os Farrapos contra o Império. A ilha era estratégica para os revolucionários acampados logo ali na costa. Centenas de homens embarcaram na Praia da Alegria para tomar Porto Alegre, dando início à Guerra dos Farrapos. Mais adiante a ilha foi posto de observação dos imperiais.
As construções existentes na ilha ocorreram entre 1857 e 1860 e originalmente sediaram a Quarta Casa da Pólvora de Porto Alegre, ficando sob uso do Exército até 1930. A partir de 1940 a Ilha passa a ser administrada pelo Estado que utiliza o espaço, nos anos de 1947 a 1948, como laboratório de pesquisa animal, com foco na peste suína.
A transformação da ilha em um presídio ocorre na década de 1950, inicialmente para recolher jovens com delitos leves, pessoas com problemas psiquiátricos e menores de idade.
Em 1956 o presídio foi construído na ilha, tendo funcionado até 1973. O presídio foi reativado novamente em 1980 e funcionou até 1983. Há registros de arbítrio e de mortes não esclarecidas.
Com o início da Ditadura Militar no Brasil o presídio passa a ser utilizado como espaço de detenção para presos políticos, perseguidos pelo regime.
Estima-se que entre as décadas de 60 e 70 mais de cem pessoas tenham sido presas no local por motivos políticos. Um dos casos mais conhecidos que envolvem o presídio da ilha foi o do sargento Manoel Raymundo Soares, que 5 meses após a sua prisão, feita pelo DOPS, foi encontrado morto nas águas do lago Guaíba, com as mãos amarradas às costas. O caso amplamente divulgado na época ficou conhecido como "O caso das mãos amarradas".
O presídio foi desativado em 1983 e desde então está desocupado. A ilha do presídio foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Histórico do Estado em dezembro de 2014, sendo tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul (IPHAE) neste mesmo ano. O processo de tombamento da Ilha das Pedras Brancas foi direcionado pela Comissão Estadual da Verdade, que reuniu diversos documentos entre relatos orais, mapas, pesquisas, entre outros, que serviram de aporte para o reconhecimento do local como importante espaço para a história de Porto Alegre.
Atualmente o local se encontra depredado e em escombros, fazendo com que uma história esquecida fique definitivamente no meio de uma ilha.
Por: Diones Franchi
Jornalista e mestre em História
Referencias:
ROSA, Susel Oliveira, " A escrita de si na situação de tortura e isolamento: as cartas de Manoel Raimundo Soares", 2015
IPHAE - Ilha do Presídio, consulta em março de 2025
Nenhum comentário:
Postar um comentário