terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Pinheiro Machado: O senador e o município

José Gomes Pinheiro Machado foi um importante político brasileiro, conhecido como “o condestável da república”. Nasceu em Cruz Alta em 8 de maio de 1851, sendo considerado um dos mais influentes políticos da República Velha (1889-1930). Era filho de Antônio Gomes Pinheiro Machado e Maria Manoela de Oliveira Ayres. Pinheiro Machado estudou na Escola Militar e aos quinze anos abandonou o curso para lutar, como voluntário e contra a vontade dos pais, na Guerra do Paraguai. Deixou o exército em 1868 e permaneceu durante algum tempo na fazenda de seu pai, no Rio Grande do Sul para se recuperar do desgaste físico sofrido em batalha.
Fundou junto com amigos o jornal A República. Após a sua formatura, casou-se, ainda em São Paulo, com Benedita Brazilina da Silva Moniz, e voltou para o Rio Grande do Sul, onde exerceu advocacia na cidade de São Luís das Missões, atual São Luiz Gonzaga. Foi Pinheiro Machado que fundou o primeiro partido republicano do Rio Grande do Sul.
Ardoroso defensor da República no Brasil lançou-se à propaganda com republicanos como Venâncio Aires, Demétrio Ribeiro, Apolinário Porto Alegre, Ramiro Barcelos, Joaquim Francisco de Assis Brasil e Júlio Prates de Castilhos, de quem se tornou amigo. Após a Proclamação da República em 1889, foi eleito senador participando da Constituinte de (1890/1891), na cidade do Rio de Janeiro.
Na Revolução Federalista (1893-1895) deixou a sua cadeira no Senado para combater o movimento armado no comando da Divisão Norte, por ele organizada.
Derrotou os revolucionários comandados por Gumercindo Saraiva na Batalha de Passo Fundo (1894), fato esse que lhe valeu a patente de general de brigada honorário. Retornou ao senado, onde permaneceu até a sua morte.
Pinheiro Machado atingiu a sua máxima influência quando Nilo Peçanha assumiu a presidência, após a morte de Afonso Pena em 1909. Apoiou a candidatura do marechal Hermes da Fonseca para presidente da República em oposição a Rui Barbosa apoiado pelos estados de São Paulo e Bahia. O resultado das eleições foi de 403.800 votos para Hermes da Fonseca contra 222.800 para Rui Barbosa.
No mandato de Hermes da Fonseca, o poder de Pinheiro Machado atingiu o seu ápice, onde teve papel predominante na política de salvação, movimento que visava apaziguar as disputas entre as oligarquias regionais.
Pretendia se candidatar à sucessão presidencial em 1914, mas articulações de seus oponentes impediram seu intento.Voltou então aos bastidores, de onde pretendia continuar manipulando à distância os jogos parlamentares e a política dos estados. Tinha imenso prestígio no Rio Grande do Sul e na região Nordeste, mas já colecionava um imenso número de desafetos noutras regiões. Em 1915 ao impor o nome de Hermes da Fonseca como Senador pelo Rio Grande do Sul, quase foi linchado por uma multidão feroz que o aguardava na porta do Senado. Foi nesta ocasião que Pinheiro Machado disse uma de suas mais célebres frases, ao ordenar ao cocheiro que o apanhara na porta do Palácio do Conde dos Arcos e que lhe perguntara como deveriam sair dali: “Nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo”.

O fim de Pinheiro Machado e o inicio de um município

Pinheiro Machado foi assassinado com uma punhalada pelas costas por Manso de Paiva às 16h30 de 8 de setembro de 1915. O senador foi atacado no saguão do Hotel dos Estrangeiros, no Flamengo onde visitaria Rubião Júnior, político do Partido Republicano Paulista. Vinha do Senado e estava em companhia dos deputados federais paulistas Cardoso de Almeida e Bueno de Andrade. Suas últimas palavras teriam sido: "Ah, Canalha! Apunhalaram-me!". Manso de Paiva entregou o punhal sujo de sangue a Cardoso de Almeida e calmamente esperou que a polícia chegasse ao hotel para prendê-lo. Pelo resto de sua vida, Manso de Paiva insistiria que agiu por conta própria.
Meses antes, Pinheiro Machado previra sua própria morte em entrevista ao jornalista João do Rio: "Morro na luta. Matam-me pelas costas, são uns 'pernas finas'. Pena que não seja no Senado, como César”.

De Cacimbinhas a Pinheiro Machado

Por ironia do destino o local onde nascerá seu algoz Manso de Paiva, Cacimbinhas é homenageado com o nome de Pinheiro Machado, hoje um dos municípios mais antigos do Rio Grande do Sul. Até 1830, a área do município pertencia ao município de Rio Grande depois passou a integrar o município de Piratini desmembrando-se em 24 de fevereiro de 1879 sob a denominação de Nossa Senhora da Luz das Cacimbinhas. Em 1857 foi elevado a freguesia e, em 1878, ocorreu a emancipação. 
O município de Cacimbinhas teve seu nome mudado para Pinheiro Machado no governo do intendente provisório Dr. Ney Lima Costa, quando o senador José Gomes Pinheiro Machado foi assassinado no Rio de Janeiro por Manso de Paiva, que era um morador da região de Cacimbinhas.
Existe uma capela a beira da estrada do município, onde a água verte diariamente. Segundo a lenda havia um morador chamado Dutra de Andrade que teria perdido a visão e feito uma promessa de que se recuperasse a mesma ao lavar os olhos nas águas das cacimbinhas, mandaria construir uma capela em honra de Nossa Senhora da Luz das Cacimbinhas, o milagre aconteceu e a capela foi construída.
O punhal usado no assassinato de Pinheiro Machado pertence ao acervo do Museu da República (Palácio do Catete) no Rio de Janeiro, onde pode ser visto. O senador Pinheiro Machado se encontra sepultado em Porto Alegre.

O Senador Pinheiro Machado

Notável político da República Velha

O município de Pinheiro Machado com cerca de 12000 habitantes.

Túmulo de José Gomes Pinheiro Machado em Porto Alegre - RS


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