Joaquim Teixeira Nunes foi um militar que deixou seu nome gravado na história do Rio Grande do Sul, comandando os lanceiros negros na Revolução Farroupilha. Sua origem é considerada um pouco turva por alguns historiadores, mas provavelmente nasceu na costa do Rio Camaquã, em Canguçu - RS, no ano de 1802, sendo filho dos primeiros povoadores do município. Casou-se, em Porto Alegre, em 4 de maio de 1823, com Felícia Maria da Silva Reis, natural de Viamão, filha do Capitão Manoel da Silva Reis e de Anna Felícia de Oliveira Pinto. Desse casamento, houve, o registro de apenas uma filha, Joaquina Teixeira Nunes, nascida em 7 de janeiro de 1824, em Porto Alegre.
Era conhecido também como “Gavião” e por sua habilidade com as lanças, participando também da Guerra Cisplatina como alferes do Regimento de Cavalaria das Missões, onde fez parte da Batalha do Passo do Rosário.
Republicano convicto ingressou na Revolução Farroupilha. Combateu em Rio Pardo em 1838, e logo após participou da expedição à Laguna em 1839 que formou a República Juliana. Foi ali que conheceu o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi.
Liderou o célebre 1º Corpo de Lanceiros Negros, constituído de escravos recrutados das charqueadas oriundos dos municípios atuais de Arroio Grande, Canguçu, Piratini, Pinheiro Machado, Herval, Bagé, Camaquã, São Lourenço do Sul, Pelotas, Pedro Osório, Caçapava e Encruzilhada do Sul.
Em companhia de Garibaldi, Luigi Rossetti e Anita Garibaldi ao retornar da expedição à Laguna, derrotou em Bom Jesus a Divisão Paulista ou da Serra ao comando do brigadeiro Francisco Xavier da Cunha, enviada de São Paulo para lutar contra os farroupilhas. Tomou parte do indeciso combate de Taquari, onde comandou uma brigada ligeira de cavalaria. Sob o comando de Bento Gonçalves participou do ataque a São José do Norte.
Era considerando o maior lanceiro de sua época. Na Revolução Farroupilha foi um dos mais constantes, intrépidos e denodados líderes de combate. Destacou-se em diversas ações, ao ponto de ser classificado por Assis Brasil como o “maior herói da Revolução Farroupilha" e pelo General Tasso Fragoso como "a maior lança farrapa". Era também reconhecido como líder abolicionista e defensor dos direitos dos negros.
A importância de Teixeira Nunes na Revolução Farroupilha pode ser medida pela lembrança de Garibaldi, já herói da unificação da Itália, nestas palavras relatadas em carta a Domingos José de Almeida.
"Eu vi batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem lanceiros mais brilhantes que os da Cavalaria Rio-Grandense... Onde estão estes belicosos filhos do Continente, tão majestosamente intrépidos nos combates? Onde Bento Gonçalves, Netto, Canabarro, Teixeira Nunes e tantos outros."
Massacre de Porongos
A Batalha de Porongos foi o confronto mais polêmico da Revolução Farroupilha. Ocorreu na madrugada de 14 de novembro de 1844, quando as tropas imperiais comandadas por Chico Pedro – o Moringue, atacaram o acampamento farroupilha que se encontrava numa curva do Arroio de Porongos, entre Piratini e Bagé, exterminando o batalhão de Lanceiros Negros comando por Teixeira Nunes. Alguns soldados farrapos também morreram, mas o que causou estranheza e polêmica foi o fato de que os cerca de 100 negros lanceiros tinham sido desarmados por David Canabarro. Persistem suspeitas que o ataque, teria sido previamente combinado com David Canabarro, que na época estava negociando a paz farroupilha com o Barão de Caxias. O receio do Império era que os lanceiros negros, formassem bandos contra a escravidão, após o término da guerra. Não há um consenso histórico sobre a traição de Canabarro no Combate ou Massacre de Porongos.
Teixeira Nunes, principal líder dos lanceiros negros, também foi surpreendido com o ataque sendo ferido durante o confronto, conseguiu fugir mas ficou debilitado. Mesmo assim coube a Teixeira Nunes em 28 de novembro de 1844, a última reação armada da República Rio - Grandense, onde foi derrotado e ferido no Arroio Chasqueiro, na Batalha de Arroio Grande. Nesse último combate farroupilha impossibilitado de defender-se após seu cavalo ser derrubado com boleadeiras, Teixeira Nunes foi lancetado pelo alferes Manduca Rodrigues que lutava pelos imperiais comandados por Moringue. Ao fim foi degolado por Eliseu de Freitas. Seu cavalo encilhado foi vendido ao cabo Mariano e o relógio, com uma grossa corrente de ouro, ao Capitão Carneiro.
Morria Teixeira Nunes, mas sua memória é preservada ao lado dos Lanceiros Negros Farroupilhas, que buscavam apenas a verdadeira liberdade, igualdade e humanidade.
No ano seguinte, em 1º de março de 1845 é assinado o Tratado de Ponche Verde e assim chegava ao fim a Revolução Farroupilha.
Teixeira Nunes foi sepultado em frente à capela de Nossa Senhora da Graça do Arroio Grande, atual Igreja Matriz de Nossa Senhora da Graça do Arroio Grande.
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Diones Franchi - Jornalista e Especialista em história do Rio Grande do Sul.
Teixeira Nunes - O Gavião e seu lanceiros negros - História do Exército
A Batalha de Porongos (1844) - Considerado por alguns como a "Traição de Porongos".
Lanceiro Negro - Quadro de Juan Manuel Blanes
Local da morte de Teixeira Nunes, no Chasqueiro, em Arroio Grande-RS