domingo, 3 de novembro de 2024

Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul é um estado que se caracteriza, por ser um berço cultural, onde se destacam o folclore, a arte, o tradicionalismo, a história e também sua mitologia.
Os mitos e as lendas são um depoimento que o povo faz sobre si mesmo e para si mesmo. Mitos e lendas muitas vezes são confundidos, e isso explica-se pois muitos mitos geram lendas e algumas lendas, são pequenos mitos.
No Rio Grande do Sul existem quatro mitos principais, que são os seguintes:

O lobisomem no folclore gaúcho:

É a crença de que determinados homens podem se transformar em um monstro meio-lobo e meio-homem, em algumas circunstâncias. Segundo o mito no Rio Grande do Sul, o homem que se torna lobisomem sempre mora em um rancho isolado, obrigatoriamente com um galinheiro ao fundo. A meia noite ele transforma-se em lobisomem, e quando o sol está nascendo, transforma-se em homem novamente. O mito do lobisomem originou muitas lendas locais.

A bruxa no folclore gaúcho:

A bruxa é uma pessoa que gosta de praticar o mal. Suas principais vítimas são as crianças, pequenos animais e lavouras que estão em crescimento. Sua arma é o “olho grande”, que coloca onde deseja fazer o mal. Para afastar a bruxa, utiliza-se uma figa, um chifre de boi ou um galho de arruda. De Porto Alegre a Torres, é o local com maior crença neste mito, já em outros locais do estado a crença na Bruxa não é tão presente.

O diabo no folclore gaúcho:

O Diabo é visto como o anjo Rafael, que é muito capaz e invejoso. Segundo a obra citada, “tão alto subiu, que quis igualar-se a Deus e por isso foi precipitado nas profundezas do inferno”. Vários provérbios gaúchos citam o referido mito, tais como: “mais tem Deus pra me dar, do que o Diabo pra me tirar” e “onde o Diabo perdeu as botas”.

Sanguanel

É um mito da região da serra gaúcha. É um pequeno ser, de cor vermelha e que não faz mal a ninguém, apenas assusta. Vive em meio aos pinheirais da serra e costuma roubar crianças para esconder nas árvores ou matas. Quando as crianças retornam para suas casas, estão em estado de sonolência e pouco lembram o que aconteceu.

Os mitos não se localizam no tempo e no espaço. Referem-se o mais das vezes a fenômenos da natureza e às suas forças: o céu, o sol, a lua, as estrelas, os ventos, as águas, a criação do mundo, do homem e da mulher, o Bem, o Mal, e dos monstros do terror primitivo. É importante destacar que não existe vampiro na mitologia do Rio Grande do Sul”.
As principais lendas do Rio Grande do Sul são o Negrinho do Pastoreio, A lenda do João de barro, Sepé Tiaraju, A lenda do Boitatá, A lenda do quero-quero, a Salamanca do Jarau e A lenda da Erva Mate.
Vale destacar que mitos, lendas e folclore não são a mesma coisa. O folclore é o conjunto de criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas de modo individual ou coletivo. Todos os povos possuem o próprio folclore, passado de maneira informal de geração a geração, por meio de músicas, histórias, comidas, etc.
As tradições folclóricas também incluem lendas – que são narrativas de caráter espetacular em que um fato histórico se amplia e se transforma na imaginação popular – e mitos – são narrativas que evoluem de acordo com as condições históricas e étnicas de uma determinada cultura.

Por: Diones Franchi

Jornalista e mestre em história

Fonte:

Fagundes, Antônio Augusto. Mitos e lendas do Rio Grande do Sul / Antonio Augusto Fagundes. – Porto Alegre: Martins Livreiro, 1992.
Rigo, Tamara Trentini – Revista Pia, MTG, 2020
https://www.lendas-gauchas.radar-rs.com.br - acesso em 1° de novembro de 2024


                                Lobisomem

                                      Bruxa

sábado, 24 de agosto de 2024

Getúlio Vargas

Getúlio Dornelles Vargas foi um advogado e político brasileiro que se tornou presidente da república. Foi também o líder civil da Revolução de 1930 que pôs fim à República Velha. Nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul em 19 de abril de 1882, sendo filho de Manuel do Nascimento Vargas e de Cândida Francisca Dornelles Vargas, estancieiros na região da fronteira com a Argentina.
Quando jovem sentiu-se atraído pela carreira militar e se alistou aos dezesseis anos. Em seguida, mudou de opinião e se matriculou na Faculdade de Direito de Porto Alegre, vindo a se formar em 1907. Em 1911, Getúlio Vargas se casou com Darcy Lima Sarmanho, com quem teve cinco filhos: Lutero, Getúlio, Alzira, Jandira e Manuel.
Foi nesta época que Getúlio iniciou sua carreira política. Em 1909, foi eleito deputado estadual e reeleito em 1913. Entre 1922 e 1926 ocupou uma cadeira na câmara federal.
Em 1926, o presidente Washington Luiz Pereira de Souza nomeou Getúlio ministro da Fazenda, cargo que deixou, em 1928, para tornar-se governador do Rio Grande do Sul.
Em 1930, perdeu a eleição presidencial para Júlio Prestes, mas alcançou o poder no mesmo ano, depois de protagonizar um golpe de estado com apoio do exército.
Foi presidente do Brasil em dois períodos. O primeiro período foi de 15 anos ininterruptos, de 1930 até 1945, e dividiu-se em 3 fases: de 1930 a 1934, como chefe do "Governo Provisório", de 1934 até 1937 como presidente da república do Governo Constitucional tendo sido eleito presidente da república pela Assembleia Nacional Constituinte e como presidente ditador de 1937 a 1945, durante o Estado Novo. Neste período criou as leis trabalhistas, que regem até hoje, em sua maioria a CLT.
No dia 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas, como o próprio ressalta em sua carta-testamento, renunciou devido a possibilidade de ser deposto por um golpe militar, onde se retirou para sua cidade natal, São Borja. No dia 2 de dezembro do mesmo ano, foram realizadas eleições livres para o parlamento e presidência, nas quais Getúlio seria eleito senador pela maior votação da época. Era o fim da Era Vargas, mas não o fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retornaria à presidência pelo voto popular.
No segundo período, em que foi eleito por voto direto, Getúlio governou o Brasil por 3 anos e meio: de 31 de janeiro de 1951 até 24 de agosto de 1954, quando se suicidou. Getúlio era chamado pelos seus simpatizantes de “o pai dos pobres” frase bíblica e um dos títulos de São Vicente de Paula, título criado pelo seu Departamento de Imprensa e Propaganda o DIP, enfatizando o fato de Getúlio ter criado muitas das leis sociais e trabalhistas brasileiras. Os seus seguidores, eram denominados "getulistas” e as pessoas próximas o tratavam por "Doutor Getúlio", e a população o chamava de "O Getúlio", e não de "Vargas".
Neste segundo mandato, Getúlio fundou em 1953, a Petrobras, uma empresa estatal brasileira que atua principalmente na exploração e produção de petróleo e seus derivados e de gás natural.
A pesar de pontos positivos, Getúlio teve um governo tumultuado pelas medidas administrativas que tomou e devido às acusações de corrupção que atingiram seu governo. Um polêmico reajuste do salário-mínimo, em 100%, ocasionou, em fevereiro de 1954, um protesto público, em forma de manifesto à nação, dos militares, (um dos quais foi Golbery do Couto e Silva), contra o governo, seguido da demissão do ministro do trabalho João Goulart.
Este Manifesto dos Coronéis, também dito Memorial dos Coronéis, foi assinado por 79 militares que, na sua grande maioria, eram ex-tenentes de 1930. Este Manifesto dos Coronéis significou uma redução do apoio ao governo Getúlio, na área militar, e, também, na área trabalhista, por conta da demissão de João Goulart.
Tudo ficaria, mais insustentável para Getúlio, quando na madrugada de 5 de agosto de 1954, um atentado a tiros de revólver, em frente ao edifício onde residia Carlos Lacerda, em Copacabana, no Rio de Janeiro, mata o major Rubens Florentino da Força Aérea Brasileira (FAB), e fere, no pé, Carlos Lacerda, jornalista e o futuro deputado federal e governador da Guanabara, sendo membro da UDN, que fazia forte oposição a Getúlio. O atentado foi atribuído a Alcino do João do Nascimento e o auxiliar Climério Euribes de Almeida, membros da guarda pessoal de Getúlio, que era comandada por Gregório Fortunato, sendo chamada pelo povo de "Guarda Negra.
Em meio a muitas pressões, no dia 24 de agosto de 1954, o presidente Vargas cometeu suicídio, com um tiro no coração em seu quarto, no Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, então capital federal. Sua morte ainda é rodeada de polemicas. É considerado o principal presidente da república na história do Brasil. A sua herança política é invocada por pelo menos um partido político atual: o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Três municípios brasileiros homenageiam Vargas com seu nome: Getúlio Vargas no Rio Grande do Sul, Presidente Vargas no Maranhão e Presidente Getúlio em Santa Catarina, além de vários monumentos, praças e ruas em sua homenagem pelo Brasil.
Hoje relembramos os 70 anos de sua morte, que trouxe um legado, independentemente de ser lembrado como herói ou não, Getúlio está eternizado na história do Brasil e também nas memórias do pampa.

Por: Diones Franchi
Jornalista e mestre em históia

Fonte:

FAUSTO, Boris. História do Brasil. Edusp, 2013.
NETO, Lira. Getúlio, 2012




domingo, 2 de junho de 2024

O Rio Grande do Sul e suas tribulações

O Rio Grande do Sul é um estado que sempre demonstrou sua bravura e coragem, através do seu povo. Desde as lutas entre portugueses e espanhóis por essas terras, o estado constituiu o seu território, através das demarcações. Muito disso resultou na bravura e sangue dos povoadores. Eram momentos difíceis que mostravam a superação, entre nosso povo.
Um dos grandes conflitos, foi Guerra Guaranítica, onde índios da tribo Guarani e as tropas portuguesas e espanholas, entre os anos de 1753 e 1756, entraram em conflito. O resultado disso foi a morte de milhares de índios guaranis.
Mais tarde, novamente o Rio Grande do Sul, entrava em alerta com a Guerra da Cisplatina (1825-1828) que foi um conflito travado pelo Império do Brasil contra as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual Argentina) pelo controle da Cisplatina, região que atualmente conhecemos como Uruguai. Mais uma vez nossos soldados foram convocados gerando diversas baixas.
Com o tempo o Rio Grande do Sul foi constituído, e os portugueses e espanhóis entraram em acordo pelas terras.
Após isso, o Rio Grande, mergulhava em um momento sem guerras, até surgir a Revolução Farroupilha de 1835 a 1845, que trouxe também diversas tensões para a população, numa guerra entre imperiais e farroupilhas, onde nosso estado chegaria a paz 10 anos depois, sendo que desse conflito morreram mais de 3000 pessoas. Depois passamos pela Guerra do Paraguai e as incertezas pairavam sobre a população, onde muitos soldados de nossa terra lutaram novamente nesse grande conflito e novamente tivemos mortes.
Na Revolução Federalista de 1893, na chamada guerra da degola, que de um lado tinha os revolucionários de Júlio de Castilhos e de outro, os de Gaspar Silveira Martins, aconteceu a morte de cerca de 12.000 pessoas. Em mais tempos sombrios, surgiria em 1914, a Primeira Guerra Mundial, apesar de estar distante da realidade do estado, atingiria o país através de medidas como retaliações a famílias, bancos e companhias de países envolvidos na guerra. Em 1918, a gripe espanhola assolava o mundo, trazendo mais vítimas fatais e assombrando milhares de pessoas.
O Rio Grande do Sul voltaria a ser atingido por um conflito, na Revolução de 1923, onde foi travada uma guerra entre maragatos e chimangos. Novamente famílias se enlutavam com a morte de mais de 1000 pessoas.
Na Segunda Guerra Mundial, foram enviado soldados de nosso estado, para lutar em terras longínquas em defesa da pátria, trazendo a angústia e dor para muitos familiares.
Além dos aspectos econômicos que uma guerra ocasiona, também existiram no tempo, os acontecimentos climáticos e outras tragédias.
Em 1941, o Rio Grande do Sul apresentou grandes precipitações de chuva, devido as enchentes no estado do Rio Grande do Sul, principalmente Porto Alegre, fazendo vitimas.
No decorrer do tempo, muitas tragédias enlutaram o Rio Grande do Sul, como em 2013 onde morreram 242 pessoas em uma boate em Santa Maria, sendo essa a maior tragédia no Rio Grande do Sul em número de vítimas em um incêndio e segunda do Brasil. Um acontecimento que deixaria nosso estado impactado com a dimensão da dor de todos os familiares, trazendo comoção e mudanças na segurança de eventos no país.
Em 2020, o mundo foi acometido pela pandemia de Covid, que surgiria no ano anterior, onde milhares de pessoas ficaram doentes e muitas morreram, atingindo mais uma vez nossa estado.
Entre o final de abril e início de maio de 2024, o estado presenciou, sua maior catástrofe climática da história. Em várias cidades, em menos de 3 dias, chegou a chover mais de 600 mm, correspondendo a um terço da média histórica de precipitação para todo um ano.
No dia 5 de maio o governo federal decretou estado de calamidade pública e no mesmo dia, a inundação do Guaíba, lago que cerca a capital Porto Alegre. Já morreram mais de 150 pessoas, sendo diversas desaparecidas, e tendo mais de 80% das cidades atingidas, deixando milhares de desalojados e pessoas que perderam todos os seus bens.
Além desse desastre o Rio Grande do Sul ao longo dos anos, sofreu com muitas guerras, tragédias e também desastres. Foram alguns aqui citados, mas sabemos que todos deixaram suas marcas no passado.
Acontecimentos como estes, devem ser lembrados e projetados para evitarmos que na medida do possível, nunca mais aconteçam.
As dores são cicatrizes que com o tempo, devem ser amenizadas, apesar de sabermos que não é fácil quando está acontecendo conosco.
É preciso que o Rio Grande do Sul, se reerga em uma corrente de amor, paz, esperança e solidariedade. Apesar das grandes tragédias do passado e atualmente, o Rio Grande do Sul surge no horizonte, em meio ao sol, que depois irradia no céu estrelado.

Por: Diones Franchi
Jornalista
Mestre em História


Viva ao Rio Grande do Sul

segunda-feira, 15 de abril de 2024

O Pila

Pila é um dos nomes pelo qual é referido o dinheiro no Rio Grande do Sul. É a alcunha da moeda vigente no país, assim, um pila, quer dizer atualmente um real.
É muito comum o gaúcho utilizar o termo pila para o dinheiro no estado do Rio Grande do Sul. É também comum falarem um pila, dois pila, 10 pila, cem pila e por aí se vai.
A palavra Pila como moeda, provém de Raul Pilla, que foi um médico, jornalista, professor e político do Partido Libertador do Rio Grande do Sul. Este político e seu partido apoiaram a Revolução Constitucionalista de 1932, contra Getúlio Vargas. Como esta revolta foi mais intensa em São Paulo, e teve pouco respaldo no seu estado, ele exilou-se no Uruguai, saindo sem levar nenhum dinheiro.
Seus partidários, para ajudar no seu sustento, se solidarizaram e criaram alguns bônus com valor de 1 cruzeiro, que logo passaram a ser negociados, por um breve tempo, como dinheiro entre os seus correligionários. E os tais bônus eram cédulas impressas, que se popularizaram bem rapidamente e como eles tinham um valor “não-oficial” e caráter de dinheiro começaram a ser negociados e ser chamados de “pila”. Na foto desse bônus, existe a assinatura de Raul Pilla.
Porém existe uma outra versão, que é bem mais folclórica. Diz que nas eleições o candidato Raul Pilla, distribuía metade da nota de dinheiro para os eleitores que estavam prestes a votar, na promessa de entregar a outra metade se fosse eleito. Então os cabos eleitorais entregavam a metade da nota dizendo o nome do candidato “Pilla”, e logo isso acabou sendo assimilado por grande parte da população e rapidamente acabou virando sinônimo de dinheiro.

Como era a cédula:

Dizia assim a cédula: O portador contribuiu com o valor de … Cr$ para o Partido Libertador, em prol da Democracia. E até era assinado pelo político em um canto do documento.
Assim, se recolheram alguns valores em cruzeiros, que foram encaminhados ao Raul Pilla pelos seus partidários como auxílio financeiro, nascendo a denominação de “pila”, equivalente a dinheiro.

Uma possível lenda:

Diz que a moeda seria em nota de cruzeiro, e era cortada ao meio e distribuída aos eleitores, por seus partidários. Quando da votação e se confirmando que o portador votara no Dr. Pilla levava a outra parte da nota. Essa é apenas uma suposição, invenção popularesca do fato ou folclore político.

No entanto, ainda se ouve hoje “pila” pra cá, “pila” para lá...
Isso custa tantos “pilas” e até está fixada em registros em alguns dicionários.
E assim se conta a história do “pila” gaúcho, destacando-se que seu valor corresponde sempre a uma unidade de qualquer moeda nacional vigente. Que tenhamos muitos “Pila” durante nossa vida buena...

Referências:

BUENO, Antonio Avelange Padilha. Raul Pilla: Aspectos de uma bibliografia política. Porto Alegre, Julho de 2006.
FONSECA, Roberto: História do Rio Grande do Sul para jovens. Porto Alegre, Editora AGE Ltda., 2002

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Raul Pilla

Nasceu em Porto Alegre no dia 20 de janeiro de 1892, considerado um dos maiores defensores da adoção do regime parlamentarista. Pilla era chamado de O Papa do parlamentarismo no Brasil.
Pilla ingressou na política em 1909, com apenas dezessete anos, como secretário do diretório central do Partido Federalista do Rio Grande do Sul.
Formou-se médico pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre, em 1915. Na mesma faculdade foi professor interino de patologia em 1917 e ainda livre-docente de fisiologia em 1926, deixando o cargo em 1932.
Em 1922, como membro da Aliança Libertadora, fez parte da campanha de Joaquim Francisco de Assis Brasil para governador do estado, contra Antônio Augusto Borges de Medeiros, do Partido Republicano Rio-grandense, que tentava sua quinta eleição e a terceira consecutiva. Com a vitória de Borges de Medeiros, Pilla foi um dos líderes da Revolução de 1923, conflito civil entre os chimangos (partidários de Borges de Medeiros) e maragatos (partidários de Assis Brasil).
Em 1928 é um dos fundadores do Partido Libertador, juntamente com Assis Brasil, do qual seria vice-presidente. Em 1929 é um dos criadores da Frente Única Gaúcha, aliança entre os antes adversários PL e PRR, com o objetivo de garantir a eleição de um gaúcho para a presidência da República. O candidato seria Getúlio Vargas, do PRR, então presidente do Rio Grande do Sul. Com a derrota de Vargas eclodiu a Revolução de 1930, da qual Pilla participou ativamente.
Depois de vitorioso o movimento revolucionário, Getúlio Vargas assumiu o poder e designou alguns membros do PL para cargos na nova administração. Com a nomeação do então presidente do PL, Assis Brasil, para o Ministério da Agricultura, Raul Pilla assumiu a presidência do partido.
Em 1932, com o PL rompido com Vargas, Pilla participou dos levantes ocorridos no Rio Grande do Sul em apoio ao movimento constitucionalista eclodido em São Paulo. Derrotado o movimento, Raul Pilla exilou-se na Argentina e no Uruguai, entre 1933 e 1934. Após a anistia foi também Secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul na gestão de José Antônio Flores da Cunha, em 1936, onde elegeu-se deputado estadual Constituinte pela legenda do PL, em 1937. Teve o mandato cassado com a instituição do Estado Novo, ao qual se opôs, e afastou-se da política, retornando, então, a docência na Faculdade de Medicina de Porto Alegre.
No contexto da redemocratização, em 1945, integrou a Comissão de Orientação Política encarregada de elaborar os estatutos da União Democrática Nacional, UDN, tendo, no entanto, abandonado o partido para tornar-se presidente do refundado Partido Libertador. Era apoiador da sublegenda, tentando aprovar tal sistema no projeto da Constituinte de 1946.
Seria, depois, deputado federal, sendo que durante a Campanha da Legalidade foi o criador da emenda que permitiu a João Goulart assumir a presidência da república, no regime parlamentarista.
Também bacharel em Ciências e Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, exerceu o jornalismo no Rio Grande do Sul e foi colaborador de diversos periódicos no estado. Durante o funcionamento da Constituinte de 1946, manteve colunas políticas regulares em O Globo, no Rio de Janeiro, Diário de Notícias (do qual foi um dos fundadores, em 1925) e Correio do Povo, de Porto Alegre.
Além disso, publicou diversos livros como Linguagem médica, Presidencialismo ou Parlamentarismo, O Professor e a Medicina e Revolução Julgada à Crise Institucional.
Faleceu na cidade de Porto Alegre no dia 7 de junho de 1973.

Por: Diones Franchi
Jornalista e Mestre em História

Cédula originária do Pila

Raul Pilla


terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Lanceiros Negros

Os Lanceiros Negros foi um grupo de escravos que participou da Guerra dos Farrapos, com a condição de lutarem como soldados. Existiram dois corpos de exército de lanceiros, onde carregavam uma braçadeira vermelha, simbolizando a república rio-grandense.
Durante dez anos, combateram ao lado dos farrapos e contra as tropas imperiais. Possuíam 8 companhias e cerca de 51 homens cada, totalizando mais de 400 lanceiros que andavam montados em seus cavalos e armados com lanças compridas.
Tornou-se célebre o 1.º Corpo de Lanceiros Negros organizado e instruído em 1836, inicialmente, pelo coronel Joaquim Pedro, compadre do general Netto e antigo capitão do Exército Imperial, que participou da Guerra Peninsular e se destacara nas guerras platinas. Ajudou, nesta tarefa, o major Joaquim Teixeira Nunes, o Gavião, veterano e com ação destacada na Guerra Cisplatina. Este bravo, à frente deste Corpo de Lanceiros Negros, libertos, prestaria relevantes serviços militares à República Rio-Grandense.
Formado por homens escravizados, os Lanceiros Negros lutaram ao lado do exército Farroupilha contra o Império, com a promessa de liberdade ao fim do conflito. Entretanto, quando se aproximou o fim da guerra, cerca de 100 escravizados, desarmados e comandados pelo farroupilha Davi Canabarro, foram massacrados pelo exército imperial no distrito de Piratini, no Cerro dos Porongos, hoje município de Pinheiro Machado. Esse episódio ficou conhecido como Massacre dos Porongos e logo após aconteceria as negociações de paz dos farroupilhas com o Império, que culminou na assinatura do Tratado de Poncho Verde, em 1845.

A formação

Os Lanceiros Negros foram importantes em diversas batalhas dos farrapos frente aos imperiais, onde eram em sua maioria comandados por Teixeira Nunes. Eles eram escravos negros dos próprios estanceiros e trabalhavam nas lidas campeiras. Para poder manter seus contingentes de soldados, numa guerra que se prolongava, os farrapos passaram a recrutar os escravos, aos quais ofereçam liberdade em troca do serviço militar.
Com essa promessa da liberdade se apresentaram prontamente aos seus patrões. Durante 10 anos esse foi o seu maior sonho, ou seja tornar-se livre.
O recrutamento dos trabalhadores escravizados ocorreu possivelmente entre negros campeiros, e também entre outros, das Serras de Tapes e do Herval (Canguçu, Piratini, Caçapava, Encruzilhada e Arroio Grande.).
Muitos estancieiros, na tentativa de se livrarem, bem como a seus filhos, do recrutamento, terminavam por liberar em seu lugar seus escravos negros para substituí-los.
Os Lanceiros Negros foram vinculados aos rebeldes republicanos rio-grandenses, quando João Manuel recebeu a patente de general no exército farroupilha. Os lanceiros negros, eram assim denominados por carregarem uma lança de madeira de três metros de comprimento, atuando na “linha de frente”. Combatiam tanto a pé como a cavalo, fazendo, segundo o relato de Garibaldi, enorme gritaria.
Eram também habilidosos no uso da adaga e facão. Suas roupas eram simples: camisa e calça curta de algodão, sendo um chiripá de pano, colete de couro e sandálias de couro cru, Os detalhes do recrutamento são oferecidos pelo jornal oficial da república, O Povo, de 20 de abril de 1838, manifestando um decreto do Presidente Bento Gonçalves da Silva. Nele informa-se que os recrutas eram selecionados conforme a cor da pele, a instrução – pois os que sabiam ler e escrever eram destinados à artilharia – a educação e os bens. Os negros mais ágeis eram arrolados no Corpo de Lanceiros de primeira linha, a cavalaria, enquanto que os demais ingressavam na infantaria.
O 2º. Corpo de Lanceiros foi formado em 31 de agosto de 1838 e contava com 426 combatentes. Nos dois corpos de lanceiros negros os oficiais eram brancos.

As batalhas

Na medida em que a guerra avançava, a importância dos lanceiros tornava-se mais evidente, como na ocupação a Rio Pardo em 1838, no ataque a Laguna, em 1839, e na invasão de Lages em 1840. Possuíam grande habilidade para atacar o inimigo de surpresa, sendo obrigados a desempenharem as ações mais arriscadas.
Os Lanceiros Negros foram importantes na Guerra dos Farrapos, mas o que é mais lembrado é a chamada Batalha de Porongos que seria na realidade o Massacre de Porongos.
No acampamento montado próximo à cidade de Piratini, na metade-sul da Província, local conhecido como Cerro de Porongos, soldados brancos, índios e negros, estavam sob o comando do general David Canabarro, que deveriam passar mais uma noite, pois já existia a promessa de paz entre farrapos e imperiais.
Os negros haviam sido, suspeitamente, desarmados sob a alegação de que a guerra já estava em seus momentos finais. O comandante não preocupou-se, como de hábito em uma guerra, em deixar vigilantes estrategicamente posicionados para a proteção do acampamento.

O massacre

Era a madrugada de 14 de novembro de 1844, quando um toque de corneta ordenou o início do ataque sobre o desprotegido acampamento. Mais de mil soldados imperiais, sob o comando do Coronel Francisco Pedro de Abreu, o Chico Pedro, também conhecido como “Moríngue” (apelido em alusão a sua cabeça, parecida com uma “moringa”.) atacam o acampamento republicano. O general farroupilha David Canabarro foge a cavalo, mas os combatentes negros, desarmados, são violentamente exterminados na sua totalidade.
O saldo desse ataque foi a prisão de 280 homens de infantaria e 100 soldados negros massacrados, ou seja, a totalidade dos soldados negros presentes naquele acampamento. Conforme anotou Flores, em 4.2.1845, o barão de Caxias informava ao ministro da guerra, Jerônimo Francisco Coelho, que Canabarro havia prometido mandar entregar todos os escravos que ainda conservavam armas.
O próprio Bento Gonçalves criticou os acontecimentos de Porongos, onde em um trecho ele diz:
“Foi com a maior dor que recebi a notícia da surpresa que sofreram o dia 14 deste! Quem tal coisa esperaria…Perder batalhas é dos capitães, e ninguém pode estar livre disso; mas dirigir uma massa e prepará-la para sofrer uma surpresa semelhante é ser desfeita sem a menor resistência, é só dá incapacidade, e da inaptidão e covardia do homem que assim se conduz…”
Sobre a culpa de Davi Canabarro que teria traído os Lanceiros, existiria uma carta que combina os acontecimentos com Caxias para o massacre de Porongos, nela dizia em um trecho que poupasse sangue de gente branca .Canabarro morreu negando a traição.

O legado

Os soldados negros que sobreviveram, foram aprisionados pelo Império e seguiram para o Rio de Janeiro. Porongos, durante muito tempo, permaneceu um assunto intocado, pois, implicaria na mudança da visão dos personagens de Canabarro e Caxias na história oficial, mas também por termos uma revisão histórica da Revolução Farroupilha.
O grupo dos Lanceiros Negros foram merecidamente reconhecidos por sua bravura sendo, oficialmente incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, também conhecido como Livro de Aço, através da Lei federal Nº 14.795, de 5 de janeiro de 2024.
Que o Rio Grande do Sul continue honrando seus personagens farroupilhas, mas que honre principalmente os Lanceiros Negros.

Por: Diones Franchi
Jornalista e mestre em História

Referências:

ALMEIDA, Jerri Roberto. Heróis de Papel, 2007
FLORES, Moacyr. História do Rio Grande do Sul, 1985

Imagens: João Manuel Blanes, Vasco Machado.











segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Tarrã

A Tachã ou Tarrã é uma ave da família Anhimidae, muito conhecida e presente no Rio Grande do Sul sendo também conhecido em outras regiões por outros nomes, como inhuma-poca, anhumapoca, anhupoca, chajá, anhuma-do-pantanal ou tachã-do-sul.
O nome anhuma é pantaneiro, sendo também usado para uma outra espécie da mesma família, habitante da mata amazônica e matas densas do Centro-oeste (nunca foi detectada no Pantanal, mas ocorre no alto rio Paraguai).
Seu nome cientifico significa do (grego) khaunos = esponjoso, rugoso, poroso, referente aos sacos de ar sob a pele das aves gritadoras; e do (latim) torquata, torquatus = colarinho, colar - Pássaro com colar de pele rugosa.
É uma ave corpulenta, com patas grandes e cabeça desproporcionalmente pequena, bico pequeno e topetuda sendo sua coloração pardo-acinzentada escura, com algumas manchas brancas. O pescoço é contornado por uma gola negra realçada por uma segunda penugem branca. A face superior da asa é negra, com grande área branca visível durante o voo, e a face inferior da asa é totalmente branca.
As fêmeas são menores que os machos. As patas são curtas e fortes e os três dedos da frente estão unidos por uma membrana interdigital rudimentar. Sua altura média é de 85 cm e peso em torno de 4kg.
O Tarrã é um grande habitante dos brejos, com formato e características únicas. O corpo, pernas e pés são enormes em relação à cabeça, pequena e com um penacho na nuca. Em voo, mostra uma grande área branca sob a asa. Possui um esporão vermelho no cotovelo da asa, visível quando está pousada ou voando. Apesar do aspecto agressivo, não é usado como arma de ataque, servindo para comunicação entre as tachãs.
Destaca-se pelo chamado alto, feito por um indivíduo ou pelo casal, em dueto. Pode gritar a qualquer momento do dia, avisando sobre sua presença ou de intrusos, atraindo a raiva dos caçadores, ao espantar a presa. Esse chamado é mais grave no macho do que na fêmea, está mais esganiçada, e é interpretado como dizendo “tachã”.
Alimenta-se, principalmente, de folhas de plantas aquáticas, apanhadas enquanto caminha pelo brejo ou nas margens, assim como insetos e moluscos. Mas também caminha pelo campo do pampa para se alimentar.
São aves típicas de ecossistemas alagados, como brejos e lagos, sendo nativa do Pantanal, dos Pampas e dos Chacos Bolivianos. No Cerrado, pode ser vista em veredas, campos úmidos, e ocasionalmente matas de galeria próximos a esses biomas. É onívora, porém se alimenta principalmente de matéria vegetal, como sementes, folhas, raízes e brotos de plantas aquáticas, além de moluscos e insetos. Sua vocalização é um chamado alto que pode ser ouvido à distância, usado para avisar sua presença ou a de intrusos. É monogâmica e territorialista durante a estação reprodutiva, fazendo grandes ninhos com folhas emaranhadas sobre a vegetação acima da água.
Sua distribuição se estende do norte da Bolívia e extremo leste do Peru ao centro da Argentina, abrangendo o Paraguai, Uruguai, e o Brasil nos estados de Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e principalmente o Rio Grande do Sul.
O Tarrã é uma das principais aves do Rio Grande do Sul, sendo muito comum nas terras gaúchas.

Por: Diones Franchi
Jornalista e Mestre em História
Referências:

Gomes, Wagner. Lista das espécies de aves brasileiras com tamanhos de anilha.
 
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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Rio Pardo – O histórico centro comercial do Rio Grande do Sul

Rio Pardo é um município brasileiro localizado no Rio Grande do Sul, tendo seu conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A cidade tem uma grande importância para a história do Rio Grande do Sul, estando localizado na Depressão Central do Estado. Já foi considerado o centro comercial, militar e cultural do Rio Grande do Sul.
No início a região era habitada pelos indígenas da Tradição Umbu que mais tarde foram substituídos pelos Tupis - guaranis, caingangues, Charruas e Tapes.
Em 1633, a região era dominada pela Espanha, onde os jesuítas fundaram a Redução de São Joaquim, perto da foz do Rio Pardo, reunindo mais de mil famílias indígenas, sendo depois destruídos pelos bandeirantes de Antônio Raposo Tavares. No início do século XVIII os tropeiros portugueses percorriam a área em busca de gado, onde alguns a partir de 1724, começaram a receber sesmarias. Neste período foram construídos estâncias de criação, marcando logo após a chegada de novos grupos de famílias portuguesas.
Com o Tratado de Madri de 1750, houve a divisão das áreas de colonização espanhola e portuguesa, surgindo a necessidade de defender a nova fronteira, estabelecendo uma guarda pelo governo português junto à foz do Rio Pardo.
Em 1751 o governador da Capitania do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade, incumbido de demarcar a fronteira, ali estabeleceu seu quartel general. Pouco depois foi erguido o Forte Jesus, Maria e José, guarnecido por um regimento de dragões em 1754.
Esse forte nunca caiu para o inimigo, e por isso recebeu a alcunha de Tranqueira Invicta, mas ele posteriormente foi destruído.
Em torno da fortificação começou a se formar o primitivo povoado de Rio Pardo, se tornando uma das primeiras e importantes rotas comerciais do Rio Grande do Sul.
Em 1809, a Capitania do Rio Grande de São Pedro, foi dividida em quatro municípios: Rio Grande, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha e Rio Pardo. Entre os quatro, Rio Pardo possuía uma vasta área territorial, sendo o maior município do Rio Grande do Sul, chegando a ocupar três quartos do território. Em 31 de março de 1846 a vila foi elevada à categoria de cidade, consequentemente a população crescia, e aconteciam melhoramentos na infraestrutura, onde os escravos representavam um quarto na totalidade da população. Rio Pardo teve importância também na Revolução Farroupilha, onde imperiais e farroupilhas travaram batalha.
Durante um bom período, Rio Pardo, teve grande prosperidade como um importante entreposto comercial, favorecido pelo acesso à grande rede de navegação fluvial da região central do Rio Grande.
O Porto Fluvial era o grande responsável pelo escoamento de produtos da região, através dele, chegavam às mercadorias que vinham de Porto Alegre, e tinham como destino abastecer as “Missões, o Pampa e a Serra”. Por isso, era também muito comum o fluxo das carreteadas puxadas por bois, que buscavam bens e alimentos para as demais localidades do Rio Grande do Sul.
Devido a substituição da navegação pelas ferrovias, Rio Pardo iniciou uma fase de decadência, principalmente quando seu território começou a ser parcelado para a formação de novos municípios, acentuada pela substituição das ferrovias pelas rodovias como principal meio de circulação de bens e pessoas.
Rio Pardo, nos primórdios do século XIX, era então um dos mais importantes centros militares, comerciais e culturais do Sul do Brasil. Palco de lutas e saques durante as revoluções.
Na época do seu apogeu foi adornada por casas de estilo colonial, que atualmente é responsável pelo seu prestígio como patrimônio histórico tombado. A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário e a antiga Escola Militar, hoje um centro cultural, são seus principais monumentos.
Rio Pardo também conta com A Rua da Ladeira, que foi a primeira rua calçada do Rio Grande do Sul.
Dessa maneira, Rio Pardo oferece especiais atrativos históricos por ter desempenhado um papel importante na formação do Rio Grande do Sul, sendo sentinela avançada do Brasil, nas fronteiras do Sul.

Por: Diones Franchi
Jornalista e Mestre em História

Fontes:

Barros, Silvia. "História de Rio Pardo". Câmara Municipal de Rio Pardo / Arquivo Histórico de Rio Pardo, 2016
DUMINIENSE, Paranhos Antunes – Rio Pardo - Cidade Monumento. Porto Alegre: Globo, 1946
PESAVENTO, Sandra. História do RS. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982

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Rio Pardo - Antigo


Rio Pardo - RS


A Rua da Ladeira - Mais antigo calçamento do Rio Grande do Sul