quinta-feira, 29 de junho de 2017

A origem dos farroupilhas

Por: Diones Franchi

Muitas pessoas se confundem entre o termo farroupilha e farrapos, de fato os dois se caracterizam no mesmo grupo, mas suas origens podem ser diferentes.
Alguns livros insistem que os termos farrapos ou farroupilhas dado aos revolucionários gaúchos, teve origem nas roupas que estes vestiam, que eram gastas e esfarrapadas. No entanto, a denominação é anterior à Revolução Farroupilha, sendo utilizada para designar os grupos liberais de ideias exaltadas.
O termo foi utilizado pela primeira vez para indicar revolucionários que no ano de 1700, no Rio de Janeiro, descontentes com as resoluções da câmara, na sua maior parte pequenos agricultores resolveram marchar sobre a cidade para protestar.
No ano de 1829 os grupos liberais já se reuniam em sociedades secretas. Uma delas era a Sociedade dos Amigos Unidos, do Rio de Janeiro, cujo objetivo era lutar contra o regime monárquico. Desde então, eram chamados de farroupilhas. 
O termo “farroupilha” já era um apelido antigo, que desde 1831 circulava no Rio de Janeiro nos jornais denominados “Jurujuba dos Farroupilhas” e “Matraca dos Farroupilhas”. Uma das versões diz que o termo havia sido inspirado nos "sans culottes" franceses, os revolucionários mais extremados durante o período da Convenção (1792 a 1795). Os "sans culottes", que literalmente quer dizer sem calção, usavam calças de lã listradas, em oposição ao calção curto adotado pelos mais abastados.
Outra versão insiste no fato de que o termo foi provavelmente inspirado nas roupas rústicas de um dos líderes dos liberais, Cipriano Barata que, quando em Lisboa, circulava pela cidade usando chapéu de palha e roupas propositadamente despojadas.
Em 1832, Luís José dos Reis, fundou o “Partido Farroupilha” em Porto Alegre, partido que já existia em São Paulo. Os “farroupilhas” eram os liberais exaltados, radicais, facção revolucionária que defendia a separação do Rio Grande do Sul em relação ao Brasil.
Nessa época já havia uma divisão entre o movimento farroupilha, pelo menos, em dois grupos: o grupo da maioria e o da minoria. O grupo da maioria possuía como líder Bento Gonçalves da Silva, Domingos José de Almeida, Mariano de Matos e Antônio da Silva Netto e defendia a independência do Rio Grande do Sul num Estado republicano independente que poderia se vincular, numa espécie de federação, tanto ao Brasil como aos demais países platinos. O grupo da minoria, representado por David Canabarro e Vicente da Fontoura, desejava reformas para a autonomia da Província, fosse num sistema monárquico ou republicano sem, necessariamente, sua separação do Brasil. Esse grupo assumiu o controle da revolução já em seu final, a partir de 1843, negociando o processo de paz com o Império. Mas sabe-se que os dois grupos tinham interesses em comum, como o controle de sua produção e dos altos impostos que a coroa cobrava da província, não buscando de fato uma divisão do resto Brasil, mas que suas solicitações fossem atendidas pela Coroa.
De fato o termo "farrapos" ganhou mais força durante o fim da revolução quando os soldados farroupilhas, diziam remendar suas roupas gastas e esfarrapadas no longo conflito, mas suas origens estão longe desta ideia.

Fontes:

ALMEIDA, Jerri Roberto. Revoluçãoi farroupilha: Traição e Morte no Cerro de Porongos
SPALDING, Walter (1963). A epopeia farroupilha.


sábado, 3 de junho de 2017

Sanguanel

O Sanguanel é um mito da região ítalo-gaúcha, cuja crença é muito viva, ainda no presente. Ele é um ser pequeno, vivo, de cor vermelha que, a rigor, não faz mal pra ninguém, mas dá cada susto! Ele vive pelos pinherais da serra e seu prazer é roubar crianças, as quais esconde no alto das árvores ou no meio das reboleiras do mato. Mas não judia delas. Pelo contrário, até traz mel numa folha e água, se tem sede. Os pais, como loucos, procuram as crianças roubadas pelo Sanguanel. Quando eles encontram as crianças, elas estão sempre em estado de sonolência, lembrando pouco e mal das coisas que aconteceram, embora não esqueçam a figura vermelha do Sanguanel, o ninho em cima de um pinheiro e o mel trazido numa folha. Mais raramente o Sanguanel se envolve com adultos. Nesses casos, assume o papel de vingador engraçado, fazendo picardias e provocações aos preguiçosos, bêbados ou não religiosos, mas tudo sem maldade.