segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Joca Tavares - O líder federalista

João Nunes da Silva Tavares, mais conhecido como Joca Tavares é considerado um dos importantes personagens da Revolução Federalista de 1893 a 1895. Nasceu em Herval em 24 de maio de 1818, no berço de um das mais tradicionais e importantes famílias do Rio Grande do Sul. Chegou ao posto de general e foi presidente do estado do Rio Grande do Sul de 17 de junho a 4 de julho de 1892 .
Era filho do Visconde de Serro Alegre, João da Silva Tavares, e de Umbelina Bernarda da Assunção, e irmão de Joaquim da Silva Tavares, o Barão de Santa Tecla, sendo casado com Flora Vieira Nunes, com quem teve 12 filhos.
Joca Tavares começou sua história de lutas e desafios, bem antes da Revolução Federalista, já na véspera de estourar a Revolução Farroupilha, onde acompanhou seu pai juntando-se ao lado legalista. Três dias mais tarde combateu no arroio Telho, as forças revolucionárias de Gervásio Verdum. Em seguida partiu para Pelotas e no caminho, em 19 de outubro, próximo a São Lorenço apoiou o combate às forças do coronel Antônio Gonçalves da Silva. Logo depois se refugiou no Uruguai, regressando em 1836 para lutar no combate do Rosário, sendo feito prisioneiro pelo coronel Corte Real. 
Durante a Batalha do Seival foi novamente preso, e incitado pelos farroupilhas a mudar de lado, mas recusou-se inclusive a permanecer neutro, por isso foi mantido preso. Mais tarde é libertado, através da intermediação do chefe uruguaio Calengo. Novamente é atacado e sitiado, perto de Arroio Grande pelas tropas de Davi Canabarro, sendo feito, outra vez prisioneiro, com seu pai. Serviu a outras importantes batalhas na Revolução farroupilha e foi encarregado da defesa de Pelotas, recebendo o Barão de Caxias, que tinha sido nomeado presidente da província e comandante das armas.
Ao fim da revolução farroupilha com o Tratado de Ponche Verde, Joca Tavares tinha o posto de major, com apenas 27 anos de idade e 10 anos de combate, tendo conquistado todas suas promoções por atos de bravura.
Joca Tavares foi promovido à coronel, durante a Guerra do Paraguai e organizou um corpo de voluntários para libertar Uruguaiana. Após a retomada da cidade em 18 de setembro de 1865, vai para Bagé como comandante de brigada, incorporando-se ao 3° corpo de exército, comandado pelo General Osório rumo ao Paraguai. Depois, em 1868 combate em Palmas, recebendo a medalha do mérito militar. 
Ao passar pelo arroio Negla, aprisiona o coronel Salinas e por ele toma conhecimento do paradeiro de Solano López na margem esquerda do arroio Aquidaban. Ataca o acampamento de Solano Lopez, que morre em fuga, atingindo por um de seus soldados o Chico Diabo.
Depois da guerra, chegou ao posto de brigadeiro honorário do Exército imperial e recebeu o título de Barão de Itaqui por decreto de 18 de maio de 1870. Assumiu o comando da fronteira de Bagé de 1874 a 1878 e de 1886 a 1889. Em junho desse ano, declarou-se republicano e renunciou a seu comando militar e a seu título de nobreza, aliando-se aos republicanos gaúchos. Depois da proclamação da República em 15 de novembro de 1889, voltou a assumir o posto de comandante da fronteira de Bagé, onde permaneceu até janeiro de 1892. Nesse período, rompeu com o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), liderado por Júlio de Castilhos, e ligou-se ao Partido Federalista, liderado por Gaspar Silveira Martins. Exilado na Europa desde a queda da monarquia, e agora defensor de uma República parlamentarista, Silveira Martins regressou a Porto Alegre no início de 1892, e em 31 de março desse ano, no encontro que ficou conhecido como Convenção de Bagé, foi aclamado chefe do Partido Federalista, então criado para fazer frente ao PRR de Júlio de Castilhos. Nesse encontro Joca Tavares foi lançado futuro candidato do partido à presidência do Rio Grande do Sul. 
No dia 17 de junho de 1892, Vitorino Ribeiro Carneiro Monteiro tornou-se presidente temporário do Rio Grande do Sul, na sucessão ao Marechal José Antônio Correia da Câmara, enquanto aguardava a instalação de um novo presidente. No mesmo dia, Júlio de Castilhos candidato do Partido Republicano Riograndense, (PRR) se proclamou presidente em Porto Alegre. O governo durou apenas um dia, pois, no mesmo dia, Joca Tavares, filiado ao Partido Federalista, também se proclamou presidente em Bagé, onde permaneceu no poder até 4 de julho de 1892.
Quando Júlio de Castilhos novamente se tornou presidente do Estado do Rio Grande do Sul em 1893, Joca Tavares se revoltou e iniciou uma guerra civil que logo se tornaria uma revolta generalizada contra os que apoiavam o governo republicano, denominando o confronto que ficou conhecido como Revolução Federalista. Ao encontro de Joca Tavares, consagrado chefe militar dos revoltosos, vieram do Uruguai tropas lideradas por Gumercindo Saraiva, formadas por brasileiros e uruguaios. 
Em 23 de fevereiro de 1893, Joca Tavares e Gumercindo Saraiva, juntos, ocuparam Dom Pedrito e em seguida Alegrete, de onde iniciaram vários outros ataques. Joca Tavares também enfrentou o Cerco de Bagé, mas não conseguiu vencer os amotinados liderados pelo coronel Carlos Maria da Silva Telles. 
As tropas federalistas rebeldes eram compostas de civis, e a maioria dos comandantes eram coronéis latifundiários, isto é, chefes locais. O armamento utilizado era precário, por isso os homens lutavam montados a cavalo, portando lanças e esporadicamente armas de fogo. A tática empregada eram as marchas rápidas e fulminantes, ataques de surpresa.
A Revolução Federalista durou até 1895, quando ele e Inocêncio Galvão assinaram a paz em Pelotas em 23 de agosto de 1895.
Joca Tavares faleceu em Bagé em 9 de janeiro de 1906, aos 89 anos. Em sua homenagem foi dedicada a Praça Barão de Itaqui, situada entre as estações do metrô Tatuapé e Carrão, na zona leste de São Paulo. Em Bagé lugar onde residiu, existe uma rua e um distrito com cerca de 800 habitantes, que leva o seu nome, ficando assim eternizado nas memórias do pampa e na história do Brasil.

João Nunes da Silva Tavares - Joca Tavares

Joca Tavares

Coronel João Nunes da Silva Tavares, conhecido como Joca Tavares (Segundo sentado, da esquerda para a direita) e seus auxiliares imediatos, incluindo Francisco Lacerda, mais conhecido como "Chico Diabo" (terceiro em pé, da esquerda para a direita).

Um comentário:

  1. Se tivesse 10 anos menos na época da revolução, hoje o Brasil seria outro !

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